A ética é o ramo da filosofia que se dedica a compreender o comportamento humano e o que orienta as suas condutas. É a ciência da verdade e do bem comum. A palavra ética deriva do grego ethos que significa o lugar onde se vive junto. Assim sendo, é necessário ter princípios e valores de conduta para que essa convivência preserve a integridade no ambiente. Seja uma família, uma empresa, uma sociedade, um país. O objetivo da ética é tornar a convivência social pacífica, íntegra e justa, através das atitudes individuais ou coletivas. Orienta a capacidade de decidir, julgar, avaliar, para responder perguntas como: Posso, quero e devo? E também para refletir: Esta ação é legal? Está de acordo com os valores universais? Como aparecerá nos jornais? Se achar que é errado, não faça. Se não tiver certeza, pergunte. Continue a perguntar até obter resposta que satisfaça.
A ética está na decisão. É a partir dela que tudo acontece. É o fundamento da família, da organização e de sociedade virtuosas. Não deve ser um ato de conveniência. Nem um "tudo vale" para conseguir o que estou desejando. A "ética da conveniência" é utilitarista. Cai no ditado popular "a ocasião faz o ladrão" que fere princípios como a decência e a honestidade. Uma pessoa ética precisa ter discernimento e coragem para fazer o que é correto, considerando valores universais. Não se deve votar com a maioria, sendo consciente que está cometendo um ato antiético que prejudicará uma pessoa, uma organização, uma comunidade, um país. Refletir sobre as omissões, as atitudes não tomadas, as escolhas feitas. Lamentavelmente, indivíduos antiéticos formam famílias, organizações, sociedades doentes. O mal não integra, e sim estabelece uma união precária, baseada no medo, gerador de traição.
A conduta ética deve ser o alicerce de uma organização norteada por estratégias e negócios éticos. Com comunicação clara, construtiva, dignificante e coerente com práticas. Os relacionamentos são respeitosos e o ambiente é de confiança entre funcionários, alta administração, fornecedores e clientes. A conduta ética não está no discurso, mas no exemplo. Não se define por um código, com normas formais e coercitivas, mas sim por uma construção coletiva, que eduque e conscientize a equipe para liberdade responsável, relacionamento harmonioso, realizações colaborativas e bem-sucedidas. É como uma planta que precisa ser regada diariamente para crescer e frutificar.
Em qualquer grupo é fundamental desenvolver a consciência ética. Sem a ética, não há grupo sustentável. Uma organização liderada eticamente conquista o respeito e a confiança de todos que com ela se relacionam.
Por outro lado, se liderada por indivíduos de caráter impróprio e/ou incompetente, o efeito pode ser negativo sobre as pessoas que colaboram com a organização. Um líder antiético não inspira seguidores, mas sim os torna peças manipuláveis a serviço de seus interesses egoístas. A constatação do desrespeito aos padrões éticos pode solapar a confiança dos colaboradores na ética da alta administração.
Uma liderança sem ética pode ligar-se a terceiros antiéticos; demitir colaboradores éticos substituindo-os por indivíduos que tenham o seu perfil; contratar consultores e fornecedores que tenham práticas duvidosas; ignorar código de ética. Pode subornar para conquistar seguidores. Enfim, um indivíduo mau-caráter na liderança da organização, é inaceitável para uma alta administração ética, seja qual for sua natureza jurídica.
A formação ética deve ser cultivada desde criança pelas famílias com a colaboração oportuna e adequada de uma escola que seja um centro de desenvolvimento de valores e formador de pensadores éticos, críticos, estratégicos e sistêmicos para o bem coletivo. Essa formação será a base dos comportamentos do indivíduo social e profissionalmente, preparando-os para se tornarem cidadãos e líderes éticos. No futuro vão liderar e cultivar organizações éticas, essencial para uma nação ser ética.
Eduardo Carvalho, Autor do livro, Por um Brasil digno