Milho e forró: a cultura popular movimentando a economia pernambucana

As festas juninas são uma tradição enraizada na cultura pernambucana e representam um momento de celebração, alegria, descontração e preservação das raízes culturais
PRISCILA LAPA E SANDRO PRADO
Publicado em 04/06/2023 às 21:12
Cidades como Caruaru, Gravatá, Arcoverde, Petrolina, Serra Negra (Bezerros) abrigam arraiais que figuram entre os maiores do país Foto: Divulgação


As festas juninas são uma tradição enraizada na cultura pernambucana e representam um momento de celebração, alegria, descontração e preservação das raízes culturais. As festividades, que ocorrem durante todo o mês de junho, são símbolos de identidade para o povo pernambucano, mas também ser pensadas como grande impulsionadoras da economia e da popularidade de gestores públicos e parlamentares, que promovem em seus redutos atrações que agradam a comunidade local e atraem inúmeros visitantes.

Cidades como Caruaru, Gravatá, Arcoverde, Petrolina, Serra Negra (Bezerros) abrigam arraiais que figuram entre os maiores do país. Esses eventos atraem turistas da área metropolitana do Recife, de muitos estados do Brasil e até mesmo do exterior, movimentando a economia local e fortalecendo o turismo no interior do estado. Na capital e cidades próximas, também é possível vivenciar danças típicas, como o forró e as quadrilhas, que expressam a rica herança cultural do povo pernambucano. Por isso, o mês de junho é muito aguardado pelos setores econômicos, pela expectativa da circulação de renda atípica.

Sabe-se que as atividades turísticas desempenham um papel fundamental na economia dos municípios, gerando empregos e estimulando o crescimento de diversos setores, além de promover a preservação do patrimônio cultural de Pernambuco. Considerando que, no primeiro trimestre de 2023, Pernambuco foi o estado campeão em fechamento de postos de trabalho, de acordo com dados do Caged, as festas de junho parecem um alento para a geração de renda e melhoria de indicadores econômicos.

Os festejos juninos movimentam uma grande, complexa e diversificada cadeia produtiva, que vai desde os setores de meios de hospedagem, transporte, alimentação e eventos que dão suporte às inúmeras apresentações culturais e artísticas que ocorrem, simultaneamente em vários locais, até o fomento da agricultura familiar focada na produção de milho.

O milho é um ingrediente indispensável nas festas juninas. Pamonha, canjica, munguzá, bolo de milho, milho assado e cozido são apenas algumas das iguarias preparadas com esse cereal tão versátil. O milho simboliza a abundância e a fartura da colheita.

Só em Caruaru são esperados algo em torno de 3 milhões de turistas, com a expectativa de que quase R$ 300 milhões circulem no município e venham a criar mais de 8 mil empregos de forma direta e indireta. É a cultura popular movimentando a economia do estado, que continua amargando a segunda maior taxa de desemprego do Brasil, com 14,1% da população desempregada no primeiro trimestre de 2023 (PNAD).

Todo esse clima festivo também impulsiona a classe política, que disputa a atenção com os artistas e apresentações, ao promoverem ou apoiarem a realização dos pólos de animação. Ao circularem nesses espaços, testam sua popularidade e tentam capitalizar as emoções dos eleitores que participam ou são impactados pelas festas. As cidades disputam o título de maior, melhor, mais animada, com as atrações mais esperadas. Prato cheio para impulsionar políticos que em 2024 estarão nos palanques nas eleições municipais.

Priscila Lapa, cientista política; Sandro Prado, economista

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