A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ensejou ao Papa Francisco fixar, em Portugal, o traçado do que será a culminância do seu Pontificado. Carismático, foi ao encontro do povo, em especial da juventude. Aqui e ali, um sorriso natural, descontraído, revelando otimismo. Beijando as crianças, deixou que elas viessem a ele tantas quantas foram possíveis. Continua simples no trato e na postura. Desde quando eleito, deixou claro abominar a opulência. Eis o pastor que, escolhendo o nome Francisco, homenageia um dos santos de maior admiração dentre os muitos que ascenderam aos altares da Igreja Católica.
Desfez preconceitos, intuiu o respeito e a obediência aos preceitos religiosos, defendeu os jovens, esperança e futuro, colocando no mesmo nível os idosos, estes unindo experiência e sabedoria. A mídia nos fez andar, ao lado do Sumo Pontífice, os caminhos da fé.
Revive habitualmente o educador que soube ser quando sacerdote/cardeal o Jorge Mario Bergoglio, que, didático, está sempre a convocar a Igreja para ir às ruas, deixando claro ser este o rumo e o prumo das suas ações, objetivando a proximidade do catolicismo com as comunidades, com as periferias, numa necessária e admirável inclusão apostólica. Dá a dimensão humana e espiritual de que continuará a conduzir os seus discípulos, por ele permanentemente chamados à evangelização. Exalta e exorta a coragem para que os jovens levem a palavra de Deus a todos os cantos, à estratificação social.
Evangelizar sem medo, lição reiterada do Santo Padre. A expressão “sem medo” tem sido basilar ao texto do seu sermão em Portugal, quando repetiu “Não tenhais medo,” primeira frase célebre professada pelo Santo Papa João Paulo II, citando o Cristo nos Evangelhos, no momento do anúncio de sua eleição nos idos de 1978.
Em seguida, a “Caridade,” definida pelo Papa, “como sendo a origem e a meta do caminho cristão,” dirigida às pessoas de um lugarejo pobre de Lisboa, o Bairro da Serafiina, convocando-as à caridade, a essência da religiosidade, um movimento que necessita da cristandade, uma dinâmica que precisa se afastar da estática do comodismo. No final, fez uma provocação pesada, “será que temos nojo da pobreza?” Para, na sequência, arrematar, “não desanimem, sigam em frente. E se desanimarem, tomem um copo com água e sigam em frente.” Risos a bem sorrir.
Foi revelada uma entrevista do Papa Francisco a uma revista espanhola, na qual ele se refere às críticas feitas por conservadores no que concerne às audiências concedidas, no Vaticano, por Sua Santidade às transexuais, afirmando, em sua defesa, que as trans são também filhas de Deus e assim devem ser tratadas. Deixa, portanto, aos peregrinos e aos fiéis a lição de respeito às diferenças de gênero e, conclui-se, a outras diferenças existentes.
Finalmente, a expressão “para servir”, um convite à conciliação entre a evangelização e o compromisso social, esta uma simbiose entre o dito e o feito, teoria e prática harmonizadas na árdua missão de se levar dignidade às pessoas de todos os cantos.
Assim, o homem, quanto mais humano, mais humilde. Assim, o Papa, muito humano, admiravelmente cristão. Um Papa bom, que, pregando a solidariedade, pede sempre oração para ele e para todos. Bela lição! Rezemos, pois, pelo Papa e pela Igreja, pela fé e pela humanidade, pela família e pela paz mundial.
Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt).