OPINIÃO

Israel e Hamas

A Rússia, responsável pela guerra com a Ucrânia, pede o cessar-fogo imediato, ao tempo em que condena Israel pela morte de civis em Gaza

Cadastrado por

ROBERTO PEREIRA

Publicado em 23/10/2023 às 0:00 | Atualizado em 23/10/2023 às 6:42
Bandeira israelense em frente a uma parede repleta de imagens de reféns israelenses sequestrados pelo grupo terrorista palestino Hamas - AHMAD GHARABLI/AFP

O mundo se encontra em polvorosa. Paira no ar, além das bombas e mísseis, drones, e toda uma tecnologia, o ensimesmamento tomando conta das pessoas envolvidas e, de resto, da humanidade, que assiste, em tempo real, à barbárie e às atrocidades bélicas.

O Homem, lobo do Homem, atacando por motivos os mais variados, dentre os quais a gana pelo poder, a ambição, o fanatismo religioso, o preconceito étnico e racial, o terrorismo como essência, a territorialidade, as intolerâncias, o ódio, a discriminação, homofobias, sentimentos que, de há muito, emolduram os seres humanos, dominados por índoles pouco afeitas à ternura e à paz, à vida em harmonia, à crença num Deus do amor, supremo na sua bondade, que, independe do credo e dos rituais religiosos, apenas clama pela caridade e pela solidariedade ao próximo, aquele a quem devemos amar como a nós mesmos.

O grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou em 7 de outubro, por terra, mar e ar, um ataque surpresa a Israel, matando quase 1.500 pessoas, entre civis e militares, mulheres, também estupradas, violentadas, e crianças, muitas, entre estas, trucidadas, decapitadas e capturando reféns. Israel reagiu com bombardeios, que já mataram mais de 2.700 e, em meados de outubro, vinha anunciando para breve ofensiva também por ar, terra e mar contra a Faixa de Gaza.

Temporariamente, o Brasil, na Presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), ensejou construir um consenso na aprovação de uma resolução para proteger os civis no conflito entre Israel e o Hamas, mas não vem prosperando os seus intentos. Lembro o que é de notório conhecimento, o fato do Brasil que tentou livrar o Hamas e esconder que Israel está exercendo seu direito de defesa na guerra a ele imposta.

A Rússia, responsável pela guerra com a Ucrânia, pede o cessar-fogo imediato, ao tempo em que condena Israel pela morte de civis em Gaza. A ONU rejeitou a proposta da Rússia, inclusive por ser uma propositura que omitia o Hamas e o ataque terrorista de 7 de outubro no território israelense.

Só podemos esperar por mais dias sangrentos, e pela morte de mais civis inocentes fora e dentro de Israel e Palestina, sem esquecer que esse conflito, iniciado com o massacre do Hamas sobre Israel, vem se regionalizando, acendendo a chama dos riscos de uma agravante de proporção descomunal.

Não se diga e nem se fale que os ataques de Israel guardam semelhança ao massacre recebido por aquele país do Hamas. Nem simetria existe entre os massacres que vêm se sucedendo de ambas as partes. Não se pode, a bem da verdade e da justiça, nivelar o crime do Hamas que, na sua essência, mata judeus por ideologia ou coisa que o valha e a reação de Israel que, apesar da crueza em matar as pessoas do universo civil, fá-lo em defesa e em reação às mortes dos seus patriotas.

Há um desespero desumano: a fome. Os israelenses trancafiados nos seus lugares por suposta segurança e em risco contínuo de ataque. Pior, muito pior, os palestinos de Gaza, isolados e desolados pela ausência da eletricidade e da água, dos mantimentos à alimentação de cada qual e de todos. Ali choram idosos, mulheres e crianças, o mundo civil, esperançosos da abertura das fronteiras, do estabelecimento dos corredores humanos.

Na verdade, as restrições até as trocas dos reféns e o grupo Hamas que venceu as eleições e controla parte dos reféns de Gaza nunca cuidou de seu povo e sempre usou a ajuda humanitária que recebeu, inclusive do Brasil, para construção de túneis subterrâneos para atacar Israel. Ao mesmo tempo fazem arsenais de explosivos e de armas em construções civis e, pior, usam palestinos como escudos humanos.

Lamentável o papel da ONU, irrelevante no seu castelo, no seu contexto, incapaz de uma ação mais firme e mais eficaz.

Tristeza grande é assistir, em tempo real, à destruição dos lugares e lugarejos, das pessoas humanas, ora por perícia das ações bélicas, ora pela fome e pelo desprezo dos que estão nas ruas ao desabrigo.

Tristeza saber dos mais de 200 reféns ameaçados de morte, incluindo crianças cujas fotos correm o mundo.

Dos parentes feridos de morte, gente que merecia continuar gente deste mundo.

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (Abevt).

 

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