OPINIÃO

Albano Franco: o prestigiado sergipano

O seu lema era o de jamais provocar atritos ou divergências profundas.

Cadastrado por

ANTÔNIO CARLOS SOBRAL SOUSA

Publicado em 22/11/2023 às 7:37
Professor Sousa, João Carlos Paes Mendonça e Albano Franco - ARQUIVO PESSOAL

Poucos homens públicos atingiram grau de prestígio político nacional equivalente ao do amigo Albano Franco. Sendo um homem afável e extremamente hábil, no auge de sua carreira, recebia a consideração e o respeito das autoridades dos diversos escalões do governo, incluindo, também, o próprio presidente da República. O seu lema era o de jamais provocar atritos ou divergências profundas. A título de ilustração, recordo que uma certa ocasião, meu saudoso pai, Conselheiro José Carlos de Sousa, me relatou uma cena que presenciara, na sala de embarque do nosso Aeroporto Santa Maria, protagonizada por Dr. Albano e o pelo reconhecido chefe político da pujante cidade interiorana de Lagarto, o então Deputado Estadual Rosendo Ribeiro Filho, mais conhecido como “Ribeirinho”.

O Deputado, possuído por uma indisfarçada cólera, questionava um acordo feito com Dr. Albano, o qual, ao seu jeito peculiar, ouviu pacientemente todo o esperneio de seu interlocutor e, ao final, bateu em sua barriga e proferiu com a sua inconfundível voz grave: “Desabafou, não foi Ribeirinho”? Logo em seguida, os dois trocaram abraços e as testemunhas riram com a maneira sábia que o grande político usou para desfazer o ambiente tenso que se formara.

É, para mim, motivo de grande alegria e de justificado orgulho ser reverenciado como amigo de Albano Franco. Ressaltando, que o verdadeiro sentimento de amizade, exaltado desde os primórdios da civilização humana, pelos sumérios, é despojado de interesse e sobrepuja o relacionamento interpessoal, tendo como pré-requisitos o altruísmo e a lealdade.

Dr. Albano galgou as escadas da vida pública de forma impecável, no início da carreira, impulsionado por seu pai, o magistral empresário e político, Dr. Augusto Franco e, em seguida, graças às suas próprias habilidades, que foram se aperfeiçoando a ponto de permanecer por 14 anos no comando da poderosa Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de ter exercido, ainda, por Sergipe, os mandatos de Deputado Estadual, Deputado Federal, de Senador e de Governador, por duas ocasiões.

Os cidadãos do nosso estado, conscientes de sua dignidade, podem abranger, consequentemente, num volver d’olhos, todo este período de mais de nove lustros e nele apontar fatos e benfeitorias substanciais, geradas durante os prestigiados cargos que Albano Franco ocupou, e que propiciaram o desenvolvimento necessário para libertar, afortunadamente, o nosso povo, da rotina e torná-lo competitivo.

Sabemos que o sacerdócio da política acumula virtudes, fadigas, vitórias, frustrações, ingratidões das pessoas com os seus beneméritos, perseguições, martírio e, eventualmente, a glória. O nosso homenageado deve ter experimentado, com galhardia, um pouco de todas estas agruras e benesses referidas, ao longo de sua duradoura vida pública. Todavia, o seu trabalho profícuo e as sólidas amizades construídas fizeram com que ele continuasse sendo reverenciado e prestigiado nos diversos rincões deste país, contrariando um célebre dito popular de que: “político sem mandato é rolete de cana chupado”! Portanto, ele continuou, por muito tempo, em plena atividade, como Conselheiro Emérito da CNI e como membro do Conselho Superior de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), além de estar presente, voluntariamente, em todas as ações que se traduzem em benefícios para os sergipanos.

Dr. Albano sempre foi um homem de fé, firme nas suas convicções religiosas. Católico praticante, sempre foi figura presente nas missas dominicais e nas principais festividades religiosas, tanto da nossa capital, como de diversas cidades do interior sergipano. Sempre que viajava a Portugal, fazia o possível, para visitar o Santuário de Fátima, e eu tive oportunidade de acompanhá-lo em uma ocasião e pude constatar toda a sua devoção.

Conheço Dr. Albano, há várias décadas, todavia, foi o exercício da arte de Hipócrates que nos possibilitou a construção de sólida amizade, justificando as palavras aqui emanadas, inspiradas na afetividade manifestadas num transbordamento de coração. No momento em que completa mais um ciclo de vida, receba esta homenagem como o máximo que vos posso tributar e o mínimo que mereceis receber.

Antônio Carlos Sobral Sousa, Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação 

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