A exigência de "internacionalização" das universidades brasileiras é fenômeno recente e data do fim do século passado, embora as universidades americanas já o tivessem realizado desde o fim da Segunda Guerra (e mesmo antes!) com a troca e convite de cientistas europeus para a pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Foi durante o segundo grande conflito mundial que muitos intelectuais da Europa viram na América o único meio de continuar suas pesquisas e garantir a simples preservação da vida, em grande parte, formada de intelectuais judeus, como foi o caso da chamada "Escola de Frankfurt".
Com a transnacionalização da economia operada pelos grandes conglomerados financeiros e comerciais, praticamente superando o conceito econômico de "Estado Nação", originado no início da Modernidade, e com a revolução tecnológica que a acompanha criando uma controversa "sociedade do conhecimento", o saber, antes visto como "superestrutura ideológica", segundo certas correntes, é deslocado para o interior da "infraestrutura" propriamente produtiva: meios e forças de produção de conhecimento, veículos digitais de transmissão e difusão, pulverização social da comunicação através da redes, uso de uma nova linguagem com um léxico específico, tudo isso com fortes incidências sobre a própria formação de novas subjetividades, quer dizer, sobre aquilo que chamamos de Educação!
Os índices de ranqueamento mundial das universidades feitos pelo Center for World University Rankings (CWUR), em geral seguem as grandes instituições de produção tecnológica (MIT, Harvard, Cambridge, Princeton) e preveem pelo menos cinco objetivos e metas: a) mobilidade geográfica, cultural e institucional de estudantes, professores e pesquisadores; b) a realização de projetos transversais entre instituições reconhecidas; c) a criação de espaços compartilhados de expertise, publicação e intercâmbio de experiências; d) cooperação estratégica entre instituições visando a captação de recursos e a melhoria da qualidade do ensino; e) a participação no interior de um SISTEMA CIENTÍFICO.
Esse último ponto, a participação no interior de um SISTEMA, implica a institucionalização da pesquisa e seu reconhecimento por órgãos de financiamento e apoio, de troca de informações (seminários, colóquios e congressos internacionais regulares), um sistema internacional de publicações indexadas.
É com este objetivo de internacionalização que nos dias 28 e 29 de Novembro, a UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO, através de suas cinco pós-graduações ligadas à educação e à formação do professor-pesquisador organiza o seminário internacional "DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE. FORMAÇÃO DE EDUCADORES NUMA SOCIEDADE EM TRANSIÇÃO". Discutir com pares internacionais da mesma área de interesse, a partir do eixo comum - a formação do professor e do pesquisador de alto nível-, com apresentação conjunta de trabalho nas cinco área, apresentação de painéis, comunicações e trabalhos completos, além das conferências com professores dos programas e os convidados estrangeiros, com vista à realização, em seguida, de convênios e acordos de cooperação científica e técnica entre nossas universidades.
Hoje falarei brevemente de um desses programas de Pós Graduação, o RENOEN (Rede Nordeste de Ensino), que oferta curso de Doutorado em articulação com outras Universidades do Nordeste, formando pesquisadores e professores de alto nível e desenvolvendo práticas pedagógicas em espaços formais e não formais, para estimular a autonomia formativa e a transformação de processos educacionais, respeitando nossa ampla diversidade cultural e as necessidades da região, difundindo formação, educação e cultura científica como um direito de todos.
Sob o reitorado do Professor Marcelo Carneiro Leão, que tem dado todo apoio a este projeto, várias universidades europeias, sul americanas e americanas estarão presentes de forma virtual e presencial na nossa Universidade Rural que, com esta iniciativa pretende estabelecer convênios de cooperação técnica, publicações conjuntas e trocas de professores e alunos para estágios nas universidades conveniadas: uma iniciativa muito bem-vinda com vistas à nossa participação num sistema científico internacionalizado e oferecendo o máximo de visibilidade social daquilo que fazemos no interior de instituições de pesquisa e formação.
Flávio Brayner, professor visitante da UFRPE
e Verônica Tavares , professora da UFRPE