É consenso que a educação é o alicerce para o desenvolvimento social, político e econômico de uma sociedade. No entanto, os dados divulgados no relatório do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, no último dia 07 de março, revelam uma realidade preocupante: no índice, que varia de 0 a 10, a nota média de Pernambuco foi de apenas 3,9, indicando uma significativa deficiência nas políticas públicas educacionais do estado.
A avaliação do TCE-PE, que faz parte do projeto “Saber ler na idade certa”, foi realizada tendo como base cinco grandes eixos: legislação, parcerias, formação de alfabetizadores, material de apoio e monitoramento de aprendizagem dos alunos. O índice foi criado para mensurar o compromisso das gestões municipais com a correta execução de políticas públicas para a alfabetização de crianças do 1º e 2º ano do ensino fundamental, com idades entre 6 e 7 anos.
Dos 185 municípios pernambucanos, 156 encontram-se em situação classificada como “crítica”, além de outros 97 em situação “grave”. Isso significa que 85% do total de municípios do estado necessitam de uma profunda intervenção e melhoria nas políticas educacionais locais. Apenas dezoito municípios (10% do total) obtiveram o conceito “razoável” e sete (4%) obtiveram o conceito “bom”.
É particularmente preocupante o baixo desempenho em uma fase essencial do processo educacional: a alfabetização. Realizada com qualidade, na idade correta, ela desempenha um papel crucial no fortalecimento da participação política e social dos cidadãos. Crianças alfabetizadas têm capacidade de compreender informações, formar opiniões e se engajar de forma crítica na sociedade. Isso contribui para uma cidadania ativa e consciente, essencial para o desenvolvimento de uma democracia saudável.
No contexto pernambucano, a alfabetização na idade correta é ainda mais relevante, diante dos desafios socioeconômicos enfrentados pelo estado e das profundas mudanças no mercado de trabalho. Somos o quarto estado do país com a menor renda per capita, o terceiro estado no ranking do desemprego e o líder absoluto no quesito desocupação para a População Economicamente Ativa (PEA).
Compreender a importância estratégica da educação como pilar de transformação e fortalecimento da sociedade pernambucana é o primeiro passo rumo a um futuro promissor. Firmar um compromisso coletivo entre todos os atores envolvidos - gestores públicos, pedagogos, professores e comunidade - é essencial para garantir uma educação de qualidade para todos. Infelizmente, ainda é preciso que se diga o básico, pois as lacunas históricas do processo educacional chegam ao presente e impactam as futuras gerações.
Priscila Lapa, jornalista e doutora em Ciência Política; Sandro Prado, professor universitário e economista.