Maurílio Rodrigues, médico do Hospital Português, da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Diretor da Clínica São Salvador de Olinda, com consultório na Rua Amélia, em Recife e na Avenida Getúlio Vargas, em Olinda, cardiologista particular de Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, lançou seu primeiro livro de poesia, no ano passado, na sede da Academia Pernambucana de Letras, com noite de autógrafo.
Compareceram mais de trezentos leitores, ele vendeu cerca de trezentos exemplares, ao preço de oitenta reais cada um, e reverteu a renda para uma instituição de caridade. Ofereceu coquetel para todos os presentes, promoveu recitais de música e poesia até altas horas. O livro foi editado pela Cepe, com prefácio meu e contracapa de uma imortal da APL. Todos os 40 acadêmicos foram devidamente convidados para o lançamento. Nenhum foi. Perguntado a Seu Holanda, ínclito Presidente da APL, o motivo do constrangimento social, ele respondeu, firme e altaneiro: "Da vacância dos grandes valores, nasce o valor das vacâncias." E acrescentou com sua reconhecida erudição antropológica e literária: "Como oposição à trituração das transcendências e, portanto, ao niilismo, nasce o humor."
Quando perguntaram ao nobre Presidente da Federação Pernambucana de Futebol, como ela permitiu a ignóbil e afrontosa faixa da torcida baderneira no jogo Sport x Santa Cruz, na Arena, recentemente, ele respondeu firme e compenetrado: "Herói Kennedyjano, justo porque new-dealista, Ferdinando representa a crítica do homem bom às trapaças de que é testemunha..." E acrescentou com a larga experiência de treze anos consecutivos no poder: "O projeto fundamental não é envolver o torcedor numa aventura de descoberta ativa, mas sim dobrá-lo com força..."
Quando indagaram ao distinto Presidente do Sport quais as urgentes providências tomadas pelo clube para contribuir com as investigações para identificar os autores da covarde agressão à delegação do Fortaleza, ele respondeu, risonho e convicto: "O estímulo é absolutamente fungível: a observação pode ser entendida em termos de redundância..."
Pelo visto, vamos terminar caindo no declínio escorregadio da filosofia especulativa. Escrevo desde que nasci, fundei um jornalzinho em Natal, em fins de 1948, e vejo futebol desde 1942, tempo em que não se perdia escanteio.
Arthur Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas - ADPL.