Em uma era de comunicação instantânea, os profissionais são alcançados onde quer que estejam. Para empresários e executivos, isso representa uma espada de dois gumes: a conectividade que possibilita a gestão remota é a mesma que reduz significativamente o horário livre e aumenta as horas de trabalho. O tempo livre é luxo.
Surgem novos processos de gestão, estratégias de marketing, uma nova sigla ou uma ideia disruptiva. Tudo isso obriga os executivos a atualizações constantes. Desconhecer o debate compromete a competitividade pessoal. Vem o sentimento de obsolescência profissional. Em um ambiente dinâmico, às vezes agressivo, o conhecimento up to date se torna a variante da Lei de Darwin aplicada ao meio ambiente dos negócios.
Os executivos e empresários no Nordeste do Brasil têm esses desafios amplificados pela concentração dos melhores cursos e programas de capacitação em São Paulo. Essa convergência impõe custos extras de tempo e energia, além do custo da formação.
Diante desse cenário, a oferta de formação para líderes no Nordeste se apresenta como uma necessidade. O Recife, como capital mais equidistante entre as principais cidades nordestinas, surge como a localização ideal, segundo a geografia. A cidade oferece infraestrutura e ambiente propício para a educação executiva.
O sucesso da iniciativa de "escola de negócios" vincula que os cursos sejam oferecidos por instituições que compreendam as necessidades das maiores empresas e que tenham trânsito em diferentes setores da economia. É mais do que ofertar uma pedagogia direcionada. O conteúdo precisa ser relevante, atualizado e aplicável ao contexto dos negócios no mundo real.
Essas instituições devem ser capazes de atrair docentes diferenciados. O professor ideal para executivos e empresários é outro executivo que tenha vivenciado e superado desafios semelhantes aos que estão na agenda deles. Esse tipo de conhecimento oferece uma perspectiva prática, realista e inestimável.
A localização estratégica, com o entendimento profundo das necessidades empresariais e a capacidade de atrair profissionais experientes como professores, pode levar o Recife a criar um polo central para a formação de executivos e empresários. Isso atenderá às demandas imediatas de atualização e impulsionará o crescimento econômico e a competitividade da região, com maior oferta de serviços e mais qualidade formativa para os empresários. Os benefícios logo surgirão no ambiente de negócios e na elevação do nível do debate.
O quadro está montado: o Nordeste tem inteligência empresarial para identificar fraquezas e reconhecer fortalezas. A construção da nossa economia, lá atrás, começou com o açúcar, um produto disruptivo na culinária europeia do século XVI. Desde então, mostramos nossa capacidade de empreender, a rápida adaptação ao meio ambiente hostil e estamos diante de oportunidades estratégicas em um mundo em transformação. É hora de sermos auto suficientes no refinamento dos nossos líderes.
Fernando Paiva, sócio da Audens Group