O alargamento na entrada e saída do Recife causou meses de engarrafamentos, mas está longe de ser o único trecho com problemas na BR-232, o principal eixo de ligação da capital com o interior de Pernambuco. E depois de anos de falta de conservação e reparos, a condição de trafegabilidade está abaixo do que seria razoável, de acordo com a análise do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PE) e da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc). Para essas entidades, a restauração
da rodovia precisa ser feita com urgência, e o atraso não pode continuar, deixando os serviços cada vez mais caros.
Entre o Recife e Caruaru, no Agreste, são 130 quilômetros de problemas, buracos, remendos e perigos para quem transporta bens e serviços, e as milhares de pessoas que se deslocam pela estrada, todos os dias. A importância da 232 para o estado é tamanha que o discurso da falta de recursos, mencionado sempre, não deve seguir pautando a ausência de priorização verificada nas últimas gestões – estaduais e federais. Para o presidente do CREA-PE, Adriano Lucena, “a restauração da BR-232, independentemente do valor que venha custar, precisa ser entendida como investimento, e não, custo”. O desenvolvimento dos municípios ao longo da rodovia depende dessa compreensão, defende Lucena.
As avaliações das entidades de engenharia são oportunas, não apenas pela notória falta de zelo na BR-232, ou pelos parcos recursos aplicados na modernização e ampliação da malha rodoviária pernambucana nos últimos 16 anos. O início de uma nova gestão estadual, assim como no plano federal, traz a expectativa de reformulação, também, no modelo de gestão a partir do qual pouco se entregou em mais de uma década e meia.
Sendo cruciais como são para Pernambuco, as estradas que cortam o nosso território e ligam cidades e regiões estão a requerer, há muito tempo, uma administração sintonizada com as demandas da mobilidade sobre rodas. A exemplo de outras unidades da federação, a concessão pública das estradas deve ser levada em conta, séria e consequentemente, pelos gestores, tanto estaduais, quanto federais.
A defesa de duplicação da 232 entre São Caetano, no Agreste, e Salgueiro, no Sertão, não há como ser viabilizada sem o aporte de grande volume financeiro. Somente para a restauração do Recife a Caruaru, estima-se um orçamento de até R$ 300 milhões – há 17 anos, a duplicação desse trecho custou R$ 400 milhões. As concessões talvez sejam alternativas. E não apenas para a BR-232, mas para uma visão abrangente dos eixos rodoviários. O importante é planejar a expansão da malha, e ir atrás dos recursos com projetos adequados, respaldados pela legislação e devidas licenças, como a ambiental. O Arco Metropolitano aguarda há anos o encontro da superação da burocracia com a decisão política de realização, por exemplo.
Eis mais um assunto indispensável na agenda de trabalho conjunta que se pode formar entre os Palácios do Planalto e do Campo das Princesas: a reestruturação física e gerencial das rodovias em Pernambuco.