Investimento no potencial da economia da cultura

A transformação do evento numa grande feira de negócios é um salto que o novo modelo almeja
JC
Publicado em 15/06/2023 às 0:00


A expansão da Fenearte para outros espaços no Recife e em Olinda, anunciada pelo governo do Estado, representa a busca de um novo modelo para o evento. Um modelo que valoriza o fazer artístico ampliando o leque de exposição, que chega a quase 50 espaços como galerias, museus e restaurantes, investindo no estímulo ao aproveitamento do potencial econômico das atividades culturais. A aposta na diversificação e na inovação é bem-vinda, aproveitando a relevância já conquistada pelo evento para a divulgação artística, levando-a para um novo patamar, na exploração de novos negócios.
A 23ª edição da Fenearte fará uma homenagem à arte do barro, com o tema “Loiceiros de Pernambuco – Arte da Terra, Poesia das Mãos”. A preservação e disseminação da técnica milenar do artesanato, que vem dos povos originários, ganha o destaque merecido, com impulso esperado para sua difusão cultural e valorização econômica. O diálogo com as artes visuais, o design e a gastronomia estará presente de maneira intensa nesta edição, a partir da multiplicação de lugares e atividades nas cidades-irmãs. Com isso, a intenção, segundo a diretora-executiva do evento, Camila Bandeira, é atrair turistas de outros estados, em face da movimentação de 80% de pernambucanos na Fenearte. Sem ter para onde crescer fisicamente, a feira se espalha pelas cidades, sob inspiração de Milão, na Itália, em que a economia se atrela a um evento que se espalha pela cidade.
Entre as novidades, uma das mais badaladas certamente será o Design Week, que acontece em São Paulo e chega ao estado, na Fenearte, para ocupar o Edifício Pernambuco, no Centro do Recife. O Circuito Gastronômico contará com cerca de 10 restaurantes. E um estudo inédito com mapeamento sobre a cadeia produtiva do artesanato irá abordar quatro dimensões – mercado, artesão, produto e território. O estudo servirá de base estratégica para o desenvolvimento de políticas públicas para o fortalecimento do setor.
Marcada para o período de 5 a 16 de julho, no Centro de Convenções, a Fenearte terá mais de 5 mil expositores de Pernambuco, de outros lugares do Brasil e do mundo. O público que deve passar por lá é estimado em 300 mil pessoas. O investimento estadual é de R$ 8 milhões no evento, com expectativa de movimentação de cinco vezes esse valor, R$ 40 milhões. Uma proporção interessante, não apenas pelo fluxo gerado, mas pelo destino, estimulando pequenos empreendedores da economia da cultura. A perspectiva de incremento do turismo também é importante, na medida em que aproveita um mês típico de férias para alavancar a ocupação hoteleira com evento cultural de porte.
A governadora Raquel Lyra afirmou que a ideia é atrair, no próximo ano, patrocinadores de peso para agregar suas imagens ao evento que reflete “um trabalho de economia sustentável, na economia criativa e na cultura popular”. A transformação da Fenearte numa grande feira de negócios é um salto que o novo modelo, que se inicia este ano, almeja. O que seria muito bom para os pernambucanos, em especial para quem faz da arte um meio de vida.

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