CENSO

Cada vez menos país do futuro

Novos dados do IBGE trazem um maior percentual de idosos, em amadurecimento já esperado na curva demográfica do país

Cadastrado por

JC

Publicado em 28/10/2023 às 0:00
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou números atualizados do Censo 2022. E o cenário demográfico mudou bastante desde o Censo de 2010. Uma das principais alterações é verificada no aumento de idosos: há 57% a mais de gente acima de 65 anos vivendo em todo o território nacional. São mais de 22 milhões de indivíduos nessa faixa etária, correspondendo a praticamente 11% da população – em 2010, eram pouco mais de 7%. E enquanto o envelhecimento ocorreu, a quantidade de crianças e adolescentes de até 14 anos diminuiu, caindo de quase 46 milhões para cerca de 40 milhões de pessoas, saindo de 24% para aproximadamente 20% do total de brasileiros, em apenas 12 anos. Vale recordar que o IBGE já havia divulgado antes esse total, que é de 203 milhões.
A média de idade do cidadão brasileiros teve um acréscimo de seis anos: era 29, em 2010, e passou a ser 35, em 2022. Antes havia 30 indivíduos de 65 anos ou mais para cada 100 de até 14 anos. No ano passado, o chamado índice de envelhecimento já está em 55 idosos para cada 100 crianças. Um salto considerável, com repercussões econômicas e sociais que ainda vão ser devidamente percebidas. Há mais idosos nas regiões Sudeste e Sul – as mais ricas – em especial nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. E as crianças de até 14 anos de idade são um quarto da população nas regiões mais pobres, o Norte e o Nordeste.
No recorte da pesquisa por idade, os planejadores e gestores públicos devem se debruçar nos detalhes por estado e município, para a formatação de programas de educação, saúde, assistência social e geração de empregos. Como o Censo se refere às informações do ano passado, já em 2023 parte da população mais jovem entra na idade economicamente ativa, a partir dos 15. E apesar de oficialmente o trabalho para os acima de 65 ser considerado uma opção para quem já deve estar aposentado, na prática, sobretudo com o aumento da expectativa de vida, a fase produtiva se estende para além disso. Mas para os referenciais da gestão da economia, no Brasil, o limite de 65 anos pauta o planejamento.
O envelhecimento populacional já vem sendo acompanhado no país há algum tempo, e os resultados divulgados pelo IBGE ratificam a tendência esperada. Há pouco mais de 40 anos, em 1980, a faixa acima dos 65 representava apenas 4% da população – e hoje, passa dos 10%. E a faixa de até 14 anos de idade, em 1980, chegava a quase 40% dos brasileiros, sendo hoje praticamente a metade, em termos relativos. Na imagem estatística, verifica-se um estreitamento da base da pirâmide etária, e um alargamento no topo. Com as mulheres tendo menos filhos, e a mortalidade reduzida, o Brasil amadurece, deixando de ser, gradativamente, o país do futuro.

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