CULTURA EM RUÍNAS

Teatro Valdemar de Oliveira pede socorro

Mensagem de leitor à redação do JC chamou a atenção para a destruição de uma das mais tradicionais casas de espetáculos do Recife

Cadastrado por

JC

Publicado em 20/12/2023 às 0:00
Clima extremo - Thiago Lucas

Templo da cultura pernambucana, lugar de encontros marcantes do público recifense com a criação artística e a diversão em espetáculos memoráveis, o Teatro Valdemar de Oliveira agoniza. Sem que o poder público faça nada para impedir a tragédia que se desenrola há vários anos, o leitor do JC, Wlademir de Moura, enviou emocionada mensagem por e-mail à redação, em que mistura recordações e um apelo: “Triste demais ver o que sobrou dessa casa de espetáculos. Primeiramente, o descaso; e depois, os vândalos que destruíram tudo o que podiam”, desabafa. O leitor termina conclamando a Prefeitura, vereadores, Governo do Estado, deputados e a iniciativa privada, para que algo seja feito para salvar o Valdemar de Oliveira. “Não deixem esse teatro morrer”, pede.
É realmente uma lástima ver o teatro em ruínas. Já houve protesto, na Praça Oswaldo Cruz, no mês de setembro, sem que nada tenha acontecido de lá para cá, para a reversão do processo de destruição do local, um patrimônio cultural deixado aos vândalos. Sede do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP) desde que foi inaugurado, em 1971, o Teatro Valdemar de Oliveira representa, hoje, a degradação de um equipamento importante para a história da vida coletiva. Como a reportagem do JC destacou, à época do protesto, imagens feitas em maio deste ano ainda sugeriam que uma reforma simples poderia trazer de volta a vida teatral para lá, restaurando o encontro dos artistas com os espectadores, quem sabe promovendo a renovação, com uma escola de teatro que aproveitasse a tradição da casa. Mas o sonho de maio é pesadelo em dezembro: a tragédia está consumada, como se um bombardeio tivesse arrasado o teatro.
A formalização do tombamento, defendido também por petição pública que ressaltou sua ligação com o cenário cultural através das artes cênicas, ocorreu na mesma época do protesto, pela Fundarpe, o que em tese significaria a proteção contra demolições. Mas o documento surtiu pouco efeito, e a destruição continua. No ano passado, surgiu a proposta de transferência da administração do espaço para o governo estadual, por 19 anos, até 1941, quando o TAP completará 100 anos. Já sob Raquel Lyra, diante do horror do vandalismo, a Secult emitiu uma nota lamentando a destruição do teatro, referido como “uma das salas de espetáculos privadas mais importantes e tradicionais do estado”. E aparentemente ficou nisso. A Prefeitura do Recife, por sua vez, não demonstrou interesse em assumir o equipamento.
Em outubro, a diretoria do TAP declarou que o processo de tombamento aberto pelo governo estadual não ajuda, e sim, impõe um “ônus burocrático” que atrapalha os objetivos de recuperar e reabrir o teatro. A intenção da entidade era doar o prédio para a criação de uma escola de formação de atores e técnicos, além de abrigar um museu do teatro em Pernambuco. No momento, infelizmente, o sonho está distante do palco, as cortinas estão no chão.

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