Com informações de Lílian Fonseca, da TV Jornal, e Estadão Conteúdo
Sem encomendas de roupas por causa do período de isolamento social, a costureira Dulce Dias, 67 anos, do Ibura, Zona Sul do Recife, encontrou na fabricação de máscaras de tecido uma alternativa para garantir renda e, mais do que isso, uma forma de ajudar os profissionais de saúde, que se desdobram na linha de frente no combate ao novo coronavírus (covid-19), e os que não têm condições de comprar o produto.
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Em uma máquina de costura montada em um dos quartos da casa onde mora, na Lagoa Encantada, Dulce dedica-se à atividade há cerca de 15 dias. "Sento na cadeira às 8h e só saio por volta de 1h, em alguns dias. Eu quero terminar logo para doar umas cem máscaras. Estou com o coração tranquilo por ajudar quem precisa", disse.
Para vender, ela conta com a ajuda da filha, que entrega as encomendas em Candeias, Jaboatão dos Guararapes, bairro onde trabalha. Cada unidade sai por R$ 5. "Eu estava parada mesmo de encomendas. Fui comprar uma máscara aqui no Ibura e, chegando lá, vi que custava R$ 8. Vim para casa pensando, eu tinha uns restinhos de tecido e podia começar a costurar", explicou a costureira.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, traçou um cenário de extrema dificuldade para aquisição de insumos básicos de proteção contra o novo coronavírus e recomendou à população que pare de comprar máscaras descartáveis e faça a própria peça de proteção, com pano e elástico.
A escassez dos chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que incluem máscaras, luvas e álcool em gel, por exemplo, além da falta de sopradores mecânicos, levou a crise do desabastecimento para dentro dos hospitais de todo o País. "Hoje, nós estamos muito preocupados com a regularização de estoque desses equipamentos", disse Mandetta, em coletiva nessa quarta-feira (1) com outros ministros.
"Se nós não fizermos retenção de dinâmica social, se nós sairmos, nos aglomerarmos, se fizermos movimentos bruscos e relaxarmos nesse grau de contágio, sim, você pode ficar com uma série de problemas em equipamentos de proteção individual, porque nós não estamos conseguindo adquirir de forma regular o nosso estoque."
O ministro pediu que a população faça a própria máscara e pare de buscar esse tipo de produto. "Quem fez estocagem domiciliar (de máscaras)... é na unidade de saúde que tem de ter. Acho que máscaras de pano para os comunitários (população) funcionam muito bem como barreira. Não é caro de fazer, faz você mesmo e lava com água sanitária", disse o ministro. "Tenha quatro ou cinco máscaras dessas, lave com água sanitária. Agora, é lutar com as armas que a gente tem. Não adianta agora ficar lamentando que a China não está produzindo. Nós vamos ter de criar as nossas armas e serão aquelas que nós tivermos."
O uso de máscaras de TNT pela população em geral para reduzir o contágio do novo coronavírus ganha força entre países da Europa e nos Estados Unidos. Reportagem publicada no início desta semana no jornal americano The Washington Post diz que funcionários do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) consideram alterar as orientações oficiais para incentivar as pessoas a tomarem medidas para cobrir o rosto.
Apesar de não haver estudos científicos que comprovem a correlação entre o uso de máscaras e o menor ritmo de espalhamento da doença, essa atitude pode ter feito a diferença. Artigos recentes de especialistas publicados nos jornais The New York Times e no The Washington Post dizem que apesar de a OMS não recomendar o uso universal de máscaras, países que adotaram essa conduta por conta própria tiveram redução da disseminação. Uma das evidências apontadas é que Hong Kong, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan, onde a população já tem o costume de usar máscara nas ruas, estão com o surto sob controle.
Controvérsia
Mesmo com indicações nesse sentido, a ampliação do uso de máscaras é controversa para os profissionais da saúde. "Não tenho opinião nenhuma sobre o uso da máscara pela população em geral e a diminuição da disseminação da doença, eu só falo sobre coisas sobre as quais há dados científicos", diz Fernando Reinach, biólogo, professor aposentado da Faculdade de Bioquímica da Universidade de São Paulo e colunista do Estado.
Para o professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Celso Granato, o arcabouço teórico mudou. No começou, a avaliação que se tinha era de que a proteção proporcionada pela máscara para quem não estava doente era discreta e, pela escassez do produto, era mais importante indicar o uso aos profissionais de saúde. No entanto, o especialista observa que em função de esse ser um vírus mais transmissível do que se imaginava no começo, é possível que o contágio não ocorra apenas por gotículas, mas também por partículas que ficariam "boiando" no ar por uns 20 minutos. Por isso, diz Granato, a máscara poderia ter algum benefício.
"Ainda que não seja uma proteção maravilhosa, se a máscara proteger 30%, será melhor do que nada", diz Granato, que concorda com uma mudança de recomendação do ministério da Saúde. Mas ele ressalta, no entanto, que é preciso ensinar as pessoas a usarem a máscara.
Por exemplo, trocá-la periodicamente, não colocar a mão na máscara usada, porque ali estão concentradas as gotículas. Também é preciso continuar fazendo todos os outros procedimentos básicos, como lavar as mãos, usar álcool e manter o isolamento social.
A confecção de máscaras caseiras, como já ocorre em outros países, pode ser uma alternativa para dar conta da grande procura pelo produto, enquanto a indústria não consegue suprir a demanda por profissionais da saúde. Neste caso, o infectologista acredita que deveria existir uma orientação de como fazer essas máscaras artesanalmente, indicando quais materiais poderiam ser usados. Muita criatividade pode ajudar no improviso de máscaras artesanais e exemplos não faltam, com o uso de camisetas e de outros tecidos e até filtros de coador de papel de café. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.