Mulher, mãe, professora, estudante, saudável, forte e independente. Entre todos os substantivos e adjetivos que amigos referenciam à fisioterapeuta, de 33 anos, que contraiu o coronavírus e morreu na noite do último domingo (06), em um hospital particular do Recife, o predominante, agora, será “saudade”.
“Uma das mulheres mais fortes que eu já conheci na minha vida. Ela era maravilhosa”, define-a Eduarda Coura, de 32 anos, amiga da fisioterapeuta há 15 anos. Também fisioterapeuta, elas estudaram juntas em uma faculdade particular da cidade. “Era tão importante que eu escolhi ela para ser a madrinha do meu primeiro filho, para você saber a importância que ela tinha para mim como mulher”, revela.
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Eduarda conta que a fisioterapeuta trabalhou até o dia 18 de março, e que tinha muito medo da covid, mas, por sustentar a casa, não podia se abater. “Demonstrava [medo], mas ela é a chefe da família. Morava ela, a mãe, as filhas e a sobrinha, que a ajudavam muito, mas tudo que tinha que ser resolvido, era com ela. Qualquer bronca”, explicou.
De acordo com Eduarda, ninguém da família de da grávida fez testes para o novo coronavírus e nem apresentou nenhum tipo de sintomas da covid-19.
A gravidez, segundo a amiga, estava tranquila. “Maravilhosamente bem, ela tava fazendo academia, ela estava se alimentando muitíssimo bem, estava perfeitamente saudável”, disse. Até que, no dia 25 de março, uma quarta-feira, os primeiros sintomas apareceram. A gestante sentiu febre, que persistiu por dias. No sábado (28), ela foi até uma urgência com desconforto respiratório e, no mesmo dia, foi internada e fez exames, inclusive para covid.
Eduarda explica que a amiga foi levada para a UTI não por apresentar um quadro grave, mas por estar grávida. “Levaram para UTI, não porque era uma paciente grave, mas por ela estar grávida e não se saber como esse vírus se comporta em uma mulher grávida, porque lá ela iria ter uma assistência 24h”.
O filho da fisioterapeuta foi retirado com vida em procedimento cesariano na madrugada do sábado (4), com 32 semanas, e está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo apuração do JC, o pequeno está em estado grave e entubado, mas está evoluindo bem, e o resultado para covid-19 ainda não foi informado. Ela deixa, ainda, duas filhas, gêmeas, de seis anos.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.