Como solução para restrições do coronavírus, adolescentes da Funase têm visita virtual com a família

Desde a semana passada, o Case Caruaru está possibilitando que socioeducandos façam videochamadas com familiares
Maria Lígia Barros
Publicado em 08/04/2020 às 14:23
Visitas a presídios, penitenciárias, cadeias públicas e unidades socioeducativas foram suspensas desde o dia 20 de março Foto: PIXABAY


Jorge* tem 16 anos e é um dos 110 socioeducandos da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase). A saudade que sente da sua família, nesse momento em que o mundo vive a pandemia do novo coronavírus, aperta ainda mais. Isso porque as visitas a presídios, penitenciárias, cadeias públicas e unidades socioeducativas foram suspensas desde o último dia 20 por decreto do Governo de Pernambuco, a fim de evitar a disseminação da doença covid-19. “Foi ruim demais, já bate logo uma depressão”, relatou o jovem. O rapaz, que foi criado pela mãe depois que os pais se separaram quando tinha 5 anos, costumava receber visitas diárias dela, do padrasto e da irmã. “Já estava esquecendo como minha mãe era”, falou.

Felizmente, uma solução encontrada pelo Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Caruaru, onde Jorge. está internado, ofereceu um alívio para a solidão dos adolescentes. Desde a semana passada, a gestão está possibilitando que eles façam videochamadas com familiares. Nessa terça-feira (7), oito socioeducandos tiveram a chance de rever entes queridos, ainda que pela tela do computador.

Jorge conversou com a mãe por uns 7 minutos. “Foi bom, por enquanto que estamos sem visita, poder ver a mãe uma vez por semana. Deu para matar a saudade”, revelou.

De acordo com o coordenador geral da unidade, Ramonn Melo, a ideia de implantar o modelo de visitas virtuais surgiu a partir da necessidade. “Faz parte do processo de socioeducação a participação da família”, disse. “A presidente da Funase já estava fazendo videochamadas com os gestores para a gente discutir soluções de enfrentamento ao coronavírus, e tive a ideia de trazer isso para a rotina de comunicação dos meninos”, revelou.

Para viabilizá-la, foi necessário um chip de celular e um computador para fazer as ligações em vídeo. “Depois de baixar (o programa) nós consultamos eles fim de saber quais famílias tinham acesso a celular, WhatsApp e internet, e começamos a convocá-los”. Por enquanto, estão sendo favorecidos os jovens que já não recebiam visitas e que as famílias moravam distantes. “O que está impressionando é que, até o presente momento, a grande maioria tem acesso”, revelou.

A resposta dos jovens tem sido boa, avaliou. “Foi uma surpresa. Acho que eles não esperavam que pudessem dispor desse recurso”. Os pais também aprovaram. “Conversei com uma mãe para saber o que ela tinha achado, e, depois de uma semana da suspensão da visita, deu para suprir a ausência enquanto ela perdurar”, afirmou.

De fato, a medida foi tão bem sucedida que está sendo ampliada e deverá ser implantada em toda rede socioeducativa do Estado até a próxima segunda-feira (13). “Vários colegas gestores estão entrando em contato para saber como conseguimos implantar a ferramenta.”

Em contrapartida, no sistema penitenciário, a solução não parece ser cogitada. Perguntada se a Secretaria Executiva de Ressocialização pensava em dispor outros recursos para a comunicação com familiares, a assessoria de imprensa informou apenas que “as visitas permanecem suspensas” e que “as famílias podem levar mantimentos para serem entregues aos detentos.”

*Jorge é um nome fictício criado para se referir ao menor preservando sua real identidade

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Veja a evolução da pandemia em Pernambuco

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