SAÚDE

Diretor da OMS sobre isolamento no Grande Recife: "Se deixar o coronavírus correr solto, vai morrer muita gente"

Para o especialista, cabe às autoridades locais a análise do quadro sobre o endurecimento da quarentena, essencial para desafogar o sistema de saúde

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 15/05/2020 às 10:01 | Atualizado em 15/05/2020 às 10:21
REPRODUÇÃO/OMS
A partir de 1º de fevereiro de 2023, Jarbas Barbosa assume o posto de Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) - FOTO: REPRODUÇÃO/OMS

O médico sanitarista e epidemiologista pernambucano Jarbas Barbosa comentou as novas medidas de isolamento social que vão ser implementadas nas cidades do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Camaragibe e São Lourenço da Mata a fim de evitar a proliferação do novo coronavírus no Grande Recife, durante entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, do Sistema Jornal do Commercio, na manhã desta segunda-feira (27). Para o especialista, cabe às autoridades locais a análise do quadro sobre o endurecimento da quarentena, essencial para desafogar o sistema de saúde.

"Quando a gente deixa a covid-19 correr solta, sem nenhuma medida, o número de casos graves que vai ser produzido vai ser maior que a disponibilidade de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de respiradores e vai morrer muita gente. isso aconteceu em Nova York (Estados Unidos), uma cidade rica, no norte da Itália, uma região desenvolvida, e também em Guayaquil, no Equador, tirando a mística que não haveria epidemia em países quentes", analisou o diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional nas Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), agência especializada em saúde pública da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ele defende que é preciso analisar a efetividade das medidas em duas semanas, tempo de incubação do vírus. "Quando você está observando que as medidas não são suficientes, que a doença continua acelerada e a taxa de ocupação de UTI chega a 90%, você tem que tomar outras medidas e verificar porque as outras não estavam funcionando. Em pelo menos duas semanas, dá para ter certeza se as [novas] medidas deram efeito ou não, porque é o tempo máximo de incubação do vírus".

Hidroxicloroquina e Remdesivir

Durante a entrevista, Jarbas Barbosa também falou sobre uso de medicamentos no combate ao coronavírus, e defendeu que não "podemos fazer uma recomendação enquanto não haja estudo conclusivo". "Não temos nenhum estudo conclusivo de que haja medicamento exclusivo, nem com a Hidroxicloroquina nem o Remdesivir. Vai ter muita gente que se recuperou dizendo que tomou isso ou aquilo, mas para fazer uma recomendação, precisamos ter um estudo que comprove a vantagem. E o medico precisa alertar a família e pedir o consentimento para utilizar".

Reinfecção

O diretor da OPAS afirmou que não é possível acontecer, a reinfecção, ou seja, a mesma pessoa contrair duas vezes o novo coronavírus, de acordo com estudos da OMS. "Até aqui, não há nenhuma comprovação de que uma mesma pessoa teve [a doença] de novo". No entanto, ele esclareceu que é possível haver uma nova onda de infecções em um mesmo local. "Por isso que quem controlou a transmissão, como a Espanha e outros países europeus, começam a retomada de maneira lenta, observando o que acontece", explicou.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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