O médico sanitarista e epidemiologista pernambucano Jarbas Barbosa comentou as novas medidas de isolamento social que vão ser implementadas nas cidades do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Camaragibe e São Lourenço da Mata a fim de evitar a proliferação do novo coronavírus no Grande Recife, durante entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, do Sistema Jornal do Commercio, na manhã desta segunda-feira (27). Para o especialista, cabe às autoridades locais a análise do quadro sobre o endurecimento da quarentena, essencial para desafogar o sistema de saúde.
"Quando a gente deixa a covid-19 correr solta, sem nenhuma medida, o número de casos graves que vai ser produzido vai ser maior que a disponibilidade de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de respiradores e vai morrer muita gente. isso aconteceu em Nova York (Estados Unidos), uma cidade rica, no norte da Itália, uma região desenvolvida, e também em Guayaquil, no Equador, tirando a mística que não haveria epidemia em países quentes", analisou o diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional nas Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), agência especializada em saúde pública da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ele defende que é preciso analisar a efetividade das medidas em duas semanas, tempo de incubação do vírus. "Quando você está observando que as medidas não são suficientes, que a doença continua acelerada e a taxa de ocupação de UTI chega a 90%, você tem que tomar outras medidas e verificar porque as outras não estavam funcionando. Em pelo menos duas semanas, dá para ter certeza se as [novas] medidas deram efeito ou não, porque é o tempo máximo de incubação do vírus".
Durante a entrevista, Jarbas Barbosa também falou sobre uso de medicamentos no combate ao coronavírus, e defendeu que não "podemos fazer uma recomendação enquanto não haja estudo conclusivo". "Não temos nenhum estudo conclusivo de que haja medicamento exclusivo, nem com a Hidroxicloroquina nem o Remdesivir. Vai ter muita gente que se recuperou dizendo que tomou isso ou aquilo, mas para fazer uma recomendação, precisamos ter um estudo que comprove a vantagem. E o medico precisa alertar a família e pedir o consentimento para utilizar".
O diretor da OPAS afirmou que não é possível acontecer, a reinfecção, ou seja, a mesma pessoa contrair duas vezes o novo coronavírus, de acordo com estudos da OMS. "Até aqui, não há nenhuma comprovação de que uma mesma pessoa teve [a doença] de novo". No entanto, ele esclareceu que é possível haver uma nova onda de infecções em um mesmo local. "Por isso que quem controlou a transmissão, como a Espanha e outros países europeus, começam a retomada de maneira lenta, observando o que acontece", explicou.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.