Coronavírus

Recife passará a fazer testagem em domicílio para diagnosticar novo coronavírus ainda em junho

O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (5), durante coletiva de imprensa online

JC
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Publicado em 05/06/2020 às 11:38 | Atualizado em 05/06/2020 às 12:17
ANDREW THEODORAKIS/AFP
Resultados dos exames sairão em 24h - FOTO: ANDREW THEODORAKIS/AFP

O Recife começará, ainda no mês de junho, a realizar testes rápidos em domicílio para o novo coronavírus, seguindo exemplo de cidades como Fortaleza (CE), que pretende coletar quase 10 mil testes em domicílio para avaliar o impacto da doença na cidade. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (5), durante coletiva de imprensa online, pelo secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, que não apresentou detalhes da novidade, mas declarou que a gestão está "fazendo as preparações finais" para dar início ao projeto. Também na entrevista, foi anunciada a abertura de 52 novos leitos de UTI nos hospitais de campanha.

"Obviamente não vamos a todos os domicílios, mas estamos fechando a amostragem deste estudo para que ele possa ajudar no processo de tomada de decisão em relação à ciência", disse o secretário. No Estado, a ampliação da testagem ainda tem sido um desafio. Na última segunda-feira (1º), o Governo do Estado detalhou o Plano de Convivência com a Covid-19 e anunciou a ampliação da testagem, mas não forneceu detalhes sobre a ampliação da base, que segundo Jailson Correia, é de processamento de 15 mil testes por semana.

Em maio, a prefeitura do Recife e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) anunciaram a realização de dois mil testes do tipo RT-PCR por semana. Os exames são coletados em unidades de saúde e enviados ao laboratório da universidade para análise. Na capital pernambucana, a testagem é feita em profissionais de saúde e de segurança, além dos contatos domiciliares deles. Esta testagem é realizada por meio de agendamento, em quatro unidades.

Os exames também são feitos no que a prefeitura chama de centros sentinelas, unidades de saúde que fazem coletas amostrais. Recentemente, a coleta também passou a ser feita em cuidadores de idosos e recém-nascidos filhos de mães com covid-19. O plano de retomada das atividades econômicas anunciadas pelo governo do Estado, que será colocado em prática ao longo de 11 semanas, levará em consideração três indicadores: o crescimento do número de casos graves, de mortes e a demanda pelo sistema de saúde. Mas sem a testagem, alertam especialistas, o Executivo estadual pode não conseguir ter uma dimensão real do número de doentes.

Questionado sobre a queda no isolamento social nas cidades que saíram da quarentena mais rígida no último domingo (31), como é o caso do Recife, o secretário de Saúde afirmou que o Recife segue fazendo "a melhor quarentena possível" e segue liderando nacionalmente os índices entre as capitais. Na capital pernambucana, mais 78.994 pessoas dos seus 1,6 milhão de habitantes deixaram o isolamento na última quarta, 3, (45,2%), em comparação ao dia 27 de maio (50%), uma queda de 9,6% e 4,8 pontos percentuais. Da primeira quarta (54%) para a segunda (50%), índice caiu em 4 pontos percentuais. Entre os dias 20 de maio e 3 de junho, diminuição foi de 8,8 pontos. Jailson afirma que outros indicadores estão sendo utilizados na cidade para medir a transmissão do novo coronavírus.

São eles: a queda quase pela metade no número de atendimentos das unidades de atenção básica dedicadas à covid-19 (são 22); a redução das chamadas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e a redução dos atendimentos nas policlínicas. "Esse plano (de Convivência com a Covid-19) está em permanente avaliação. Essa avaliação pode determinar maior aceleração, desaceleração no sentido do distensionamento, ou até mesmo, não descartamos a necessidade de voltar a adotar medidas mais rígidas do que o momento para conter o avanço da covid-19", comentou o secretário.

Ampliação dos leitos de UTI

Durante a coletiva de imprensa, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, anunciou a abertura de 52 novos leitos de UTI nos hospitais de campanha. Com o acréscimo, a capital chegará a 212 vagas de UTI. Nessa quinta-feira (4), a gestão havia anunciado o recebimento de 87 novos ventiladores pulmonares, que foram adquiridos de uma empresa da Turquia, através de um consórcio público-privado. Cada equipamento custou 19 mil dólares. Também na quinta, houve a abertura de 32 leitos de unidade de terapia intensiva no Hospital Provisório Recife 3, que fica na Imbiribeira, na Zona Sul.

De acordo com a gestão municipal, os 87 ventiladores foram adquiridos no início do mês de maio, em uma articulação com os governos dos estados do Piauí e São Paulo, além da prefeitura de Teresina. Os aparelhos, que são digitais, são do modelo Biyovent, desenvolvidos e patenteados pela empresa Biosys. Entre as integrantes do consórcio estão a empresa de tecnologia e defesa do exército turco (Aselsan), e uma empresa turna do setor de eletrônicos (Koç Holdings). De acordo com a prefeitura, o Recife possui 864 leitos abertos, sendo 212 de UTI e 652 de enfermaria. A cidade conta com 1.075 leitos construídos. Deste total, ainda faltam 122 leitos de UTI serem abertos e 89 de enfermaria.

A chegada dos aparelhos acontece paralelamente às investigações envolvendo a compra de 500 respiradores da microempresa Juvanete Barreto Freire, que incluíram o cumprimento de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal na prefeitura e na casa do secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia.

Nessa quarta-feira (3), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Carlos Neves, relator das contas da Secretaria de Saúde do Recife, autorizou a abertura de uma auditoria especial para aprofundar a fiscalização e o detalhamento dos fatos relacionados às dispensas de licitação realizadas pela prefeitura visando a "aquisição de material médico hospitalar (ventilador pulmonar adulto e pediátrico)". O pedido de abertura de auditoria especial foi feito pela equipe técnica do TCE, que desde o dia 27 de abril vem trabalhando na apuração e análise das contratações e gastos da prefeitura.

Na terça, o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco e a Polícia Federal (PF) solicitaram, por meio de um ofício, a colaboração da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para apurar as supostas irregularidades no contrato. Os órgãos querem saber da Anvisa se as empresas Juvanete Barreto Freire, Bioex Equipamentos Médicos e Odontológicos (responsável pela fabricação dos respiradores) e BRMD Produtos Cirúrgicos possuem certificação, homologação ou autorização para fornecimento de ventiladores.

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