Com a pandemia do coronavírus, uma série de preocupações e inseguranças foi desencadeada no mundo. No Brasil, desigualdade social e as consequências do cenário para as classes mais baixas vieram à tona, junto a uma série de questionamentos. Para sofrer o menor impacto possível, moradores das favelas tiveram de se reinventar e uma das soluções para os comerciantes foi a venda online.
Os abalos financeiros mais drásticos foram voltados a essa parcela da população e para os pequenos negócios. Sendo assim, uma pesquisa liderada pelo Outdoor Social Inteligência® mostrou que uma das soluções encontradas pelos empreendedores das maiores comunidades do País para manterem as portas abertas foi a venda online.
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A "novidade" ou "inovação" já é realidade no País, ou está nos planos de 53% dos entrevistados. Entre os mais jovens, classificados na geração Y, o número sobe para 58%, e para os empreendedores com menos de cinco anos de atuação, vai para 65%.
O Outdoor atua na publicidade com instalação de painéis publicitários para a comunicação na periferia e no desenvolvimento de pesquisas de opinião e consumo com esse público.
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A pesquisa também mostra que mais da metade dos empreendedores estão na faixa etária que vai dos 36 aos 55 anos (54%). A geração Y, dos 20 aos 35 anos fica em segundo lugar, com 38%. Já os Baby Boomers, com mais de 56 anos, são minoria, com 11%.
A fundadora do Outdoor Social® Emília Rabello explica a necessidade de compreender as consequências do cenário atual para os empreendedores das periferias e como eles reagiram à crise. "Para eles, a reabertura dos comércios era uma necessidade urgente, mas eles também se reinventaram e estão usando muito a tecnologia a favor deles, com as vendas online".
O Mercadinho Virgem da Conceição, localizado no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, foi um dos estabelecimentos que tiveram de se reinventar na comunidade. De acordo com o responsável pelo serviço de delivery do local, João Victor Galvão, o serviço online deu tão certo que vão continuar. "Com o delivery aumentamos a venda, tive que colocar mais duas pessoas comigo só por causa da demanda, e mesmo assim não foi o suficiente, porque ninguém estava preparado para isso. Primeiro, o cliente não sabia fazer a feira por telefone e a gente também não estava acostumado a sempre escolher para ele. Às vezes dava certo, outras, errado. Mas com o tempo a gente foi acertando".
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Ele contou que o estabelecimento fazia cerca de cinco entregas antes da pandemia, apenas para pessoas que moravam perto e tinham o contato do mercadinho, "era mais pedido de água". "Mas a feira por delivery não tinha. Agora, temos o WhatsApp da loja, o site, que não está 100% concluído, mas já é um começo termos conseguido desenvolver isso e deu para alavancar a loja".
Galvão contou que, em partes, a pandemia foi boa para a empresa. "Antes, estava sendo difícil continuar. Com a pandemia, não posso dizer que foi bom para as pessoas por conta do perigo, vidas perdidas, mas aumentaram as vendas da empresa. Aqui, ninguém pegou nada, tivemos todo o cuidado do mundo com o uso de máscara e álcool em gel. Hoje está tudo mais calmo, mas foi bastante difícil e bem desafiador", comentou.
A pesquisa realizada pela Outdoor Social Inteligência® de opinião pública Periferia G10 - Ampliado negócios e o Covid-19 foi feita por telefone com cerca de 400 entrevistas, sob o cálculo de uma margem de erro média de 5%, com 95% de nível de confiança.
As comunidades pesquisadas foram: Casa Amarela (PE), Cidade de Deus (AM), Pirambú (CE), Sol Nascente (DF), Coroadinho (MA), Aglomerado da Serra (MG), Baixada da Estrada Nova Jurunas (PA), Baixada da Condor (PA), Rocinha (RJ), Complexo do Alemão (RJ), Complexo Maré (RJ), Rio das Pedras (RJ), Paraisópolis (SP) e Heliópolis (SP)