Com informações do repórter Leonardo Baltar, da TV Jornal
Na tentativa de aumentar a cobertura vacinal de crianças e adolescentes em todo o Brasil, que já estavam baixas e reduziram ainda mais devido à pandemia do novo coronavírus, tem início nesta segunda-feira (5), e segue até o dia 30 de outubro, duas campanhas de imunização que acontecem simultaneamente. Uma delas é destinada a crianças de um ano a menos de 5 anos, contra a poliomielite. A meta do Ministério da Saúde é imunizar pelo menos 95% do público-alvo, que é constituído de 80 mil crianças na capital pernambucana. A outra é a Campanha Nacional de Multivacinação para Atualização da Caderneta de Vacina, quando serão ofertadas 17 vacinas do calendário, para crianças e adolescentes menores de 15 anos.
No Recife, as doses serão disponibilizadas em 140 unidades de saúde, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, ressaltando que todas as medidas de prevenção contra o novo coronavírus serão tomadas, como a necessidade de uso de máscara e o distanciamento social. A Secretaria de Saúde do Recife aconselha que crianças e adolescentes que apresentem casos confirmados da covid-19 devam aguardar, se dirigindo ao posto três dias após o desaparecimento total dos sintomas. Também é preciso que pais ou responsáveis levem o cartão de vacinação da criança, para que o profissional de saúde avalie quais doses deverão ser administradas.
Crianças com menos de 7 anos poderão receber as vacinas de BCG, hepatite B, pentavalente, poliomielite, rotavírus, pneumocócica 10, meningocócica C, febre amarela, tríplice viral, varicela, hepatite A e DTP. Já para os que têm idades entre 7 e 15 anos, as vacinas disponíveis são as de hepatite B, febre amarela, meningogócica ACWY, HPV e varicela. O esquema de vacinação da poliomielite é composto por três doses da vacina inativada poliomielite (VIP), administradas aos 2, 4 e 6 meses, além do retorno pela vacina oral poliomielite (VOP), aos 15 meses e aos quatro anos de idade.
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A campanha também é válida para pessoas de 20 a 49 anos, que devem receber a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. O mesmo é válido para pessoas de 5 a 19 anos que nunca tomaram a tríplice viral ou não tenham comprovação de ter completado o esquema vacinal. Quem estiver com a caderneta em dia, já teve sarampo ou possui mais de 50 anos, não é necessária a imunização. A técnica de enfermagem Jeane Geysiane, que levou seu filho de 10 anos nesta segunda-feira para vacinar na Upinha de Jardim São Paulo, na Zona Oeste do Recife, aproveitou para atualizar seu cartão.
"(Não vim antes) Por causa da pandemia, a gente tinha que ficar em casa para não pegar covid-19. Agora eu tive a oportunidade de colocar em dia, tanto a minha caderneta de vacina quanto a dele. É muito importante tomar a vacina, para mim principalmente porque vou começar agora os estágios e tinha que ter direitinho esse cartão atualizado", relata. O secretário de saúde do Recife, Jailson Correia, ressalta que mesmo quem perdeu a caderneta de vacinação pode se dirigir às unidades de saúde. Neste caso, serão reiniciadas as doses de imunização da criança ou do adolescente.
De acordo com o secretário, em todo o País as taxas de cobertura vacinais têm caído, incluindo na capital pernambucana, apesar de todos os esforços feitos com as campanhas. "Tudo isso fez com que tivéssemos boas coberturas vacinais, mas não suficientes para neutralizar essa tendência nacional. Com a pandemia, se agravou", declara. A queda na cobertura vacinal tem preocupado especialistas. Segundo o Ministério da Saúde, em 2019, o Brasil não atingiu a meta de 95% em nenhuma das vacinas indicadas para crianças de até um ano. Esta foi a primeira vez desde 1994 que isto aconteceu. Em Pernambuco, apenas as doses da BCG (91,34%), contra formas graves da tuberculose, e a primeira da tríplice viral (98,92%), contra o sarampo, rubéola e caxumba, chegaram ao índice mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), de 90% e 95%, respectivamente.
Em setembro, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) enviou ao Ministério um ofício solicitando a adoção de medidas para reverter a diminuição das coberturas vacinais no país. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), os dados preliminares deste ano, obtidos pelo Estadão, mostram que a maioria das vacinas está na faixa entre 50% e 60%, o que a SBP classifica no documento como "grave sinal de alerta para as autoridades sanitárias".
A superintendente de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Catarina de Melo, afirma que já foram distribuídas mais de um milhão de doses da vacina de poliomielite para o público de 1 a 4 anos, e mais de 600 doses dos demais imunizantes do calendário. O Estado possui mais de duas mil salas de vacinação e todas serão abastecidas. “Estamos em um momento de queda das coberturas vacinais. As metas estão bem abaixo do esperado, assim pode ocorrer a reintrodução de vírus como os da poliomielite e sarampo. Então, precisamos manter essas coberturas vacinais acima de 95%. É o momento de convocar a população de zero a menor de 15 anos”, acrescenta.
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