Transporte

"Vai de encontro ao que acontece no Brasil", diz presidente da Urbana-PE sobre decisão que veta dupla função nos ônibus do Recife

Em entrevista à Rádio Jornal, o empresário declarou que o PL não pode ser sancionado porque "sobre o sistema de transporte de ônibus, não cabe à Câmara de Vereadores legislar, e sim, ao governo do Estado"

Mayra Cavalcanti
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Mayra Cavalcanti
Publicado em 28/10/2020 às 10:53 | Atualizado em 28/10/2020 às 11:32
Foto: Felipe Ribeiro / JC Imagem
O presidente da Urbana-PE também disse que a intenção é de aumentar a porcentagem para 100% de usuários utilizando o Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro / JC Imagem

O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), Fernando Bandeira, criticou a aprovação, pela Câmara dos Vereadores do Recife, do projeto de lei que prevê o fim da dupla função exercida por motoristas de ônibus. Em entrevista à Rádio Jornal, o empresário declarou que a medida vai de encontro ao que acontece no Brasil atualmente, e que o PL não pode ser sancionado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) porque “sobre o sistema de transporte de ônibus, não cabe à Câmara de Vereadores legislar, e sim, ao governo do Estado”.

Bandeira afirmou que 80% dos passageiros de ônibus do Grande Recife utilizam a bilhetagem eletrônica. “Realmente é muito complicado você ter uma pessoa que vai trabalhar, por exemplo, a cada viagem, são dez pessoas que entram no ônibus pagando em dinheiro. Eu vou manter uma pessoa sem ter serviço? Muito complicado”, alegou. O presidente da Urbana-PE também disse que a intenção é de aumentar a porcentagem para 100% de usuários utilizando o Vale Eletrônico Metropolitano (VEM). “Não temos nenhuma dificuldade em fazer isso. Temos toda a parte tecnológica já desenvolvida para que isso aconteça. Vamos colocar 100% da bilhetagem eletrônica, é uma das metas nossas”, comentou.

Segundo o empresário, outras leis parecidas foram aprovadas em outros locais do País, mas não chegaram a valer efetivamente. “Recife não administra seu transporte. Através de uma lei ele delegou isso para o Governo do Estado. Pode (legislar) sobre os ônibus menores, os chamados veículos complementares”, conta. Bandeira explica que, caso o projeto seja sancionado, o setor jurídico da Urbana-PE irá analisá-lo e tomar as “medidas que são cabíveis”. “Eu não sei qual a opinião do prefeito, não conversei com ele sobre esse assunto. Mas, se for usar a técnica, a legislação, esse projeto não pode ser sancionado”.

Fernando Bandeira acrescenta que os cobradores representam 12% do custo total do sistema de transporte. "Em relação a custo, é bastante elevado. Para você ter ideia, é alguma coisa em torno de R$ 0,40 em uma tarifa de ônibus", disse. O PL 05 de 2019 foi aprovado nessa terça-feira (27), por unanimidade, na Câmara dos Vereadores do Recife. A lei proíbe motoristas de desempenharem a dupla função (dirigir e cobrar passagem) na capital pernambucana. Na noite da terça, por meio de uma nota, o prefeito Geraldo Julio informou que irá sancionar a proposta. Atualmente, em Pernambuco, 2.386 condutores de coletivos estão atuando na dupla função.

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