Feridos em ação da Polícia Militar no Recife receberão auxílio de R$ 2.200 durante três meses
O pagamento será feito pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude
Após reunião realizada na sede da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco (PGE-PE) nesta sexta-feira (4), o Governo de Pernambuco autorizou o pagamento de um auxílio de R$ 2.200 aos feridos em ação da Polícia Militar durante manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Recife no último dia 29 de maio. O adesivador Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, e o arrumador de contêiner Jonas Correia de França, 29, que perderam a visão do olho esquerdo e direito, respectivamente, receberão o benefício durante três meses. O pagamento será feito pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude.
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A reunião foi realizada pelo procurador-geral de Pernambuco, Ernani Medicis, o procurador Antiógenes Viana e o secretário executivo de Direitos Humanos, Diego Barbosa, com os familiares das vítimas, advogados e defensores públicos. O benefício foi autorizado enquanto o processo indenizatório está em andamento.
O valor definido está no limite do previsto na Lei Estadual para situações excepcionais tanto no valor quanto para o número de parcelas do benefício eventual.
"A equipe da Secretaria Executiva de Assistência Social do Estado fez visita técnica ao endereço de ambos para conhecer e caracterizar a realidade e seu o contexto familiar, identificando, assim, a situação social e de instabilidade financeira, já que os dois trabalham de maneira informal e a renda deles era o que garantia a sobrevivência da família. Por isso, a quantia definida foi a mais alta da modalidade. Além disso, foi solicitado o acompanhamento socioassistencial à Secretaria de Assistência Social da Prefeitura do Recife, como a consequente vinculação a serviços, programas e benefícios disponíveis as famílias", disse o secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), Sileno Guedes.
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Cestas de alimentos foram entregues pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) aos familiares dos feridos e o acompanhamento psicossocial está sendo realizado por profissionais do Centro de Atendimento às Vítimas de Violência (CEAV), da SJDH. O órgão está promovendo, ainda, reparos na residência dos dois feridos, mais especificamente nos quartos onde irão se recuperar.
Vítimas se recuperam em casa
O arrumador de contêiner Jonas Correia de França, 29 anos, perdeu completamente a visão do olho direito. A informação foi confirmada pela Fundação Altino Ventura (FAV) na tarde desta sexta-feira (4).
De acordo com a unidade de saúde, a vítima passou por uma reavaliação oftalmológica nesta sexta e foi confirmado o dano permanente na visão. "Quanto ao dano causado à visão, apesar de todos os esforços dos oftalmologistas da FAV, não pode ser revertido", diz o boletim.
Após a avaliação, Jonas recebeu alta médica por causa de uma melhora "importante do edema na região em volta do olho direito; sangramento intraocular também está sendo contido".
O paciente será acompanhado semanalmente na Fundação Altino Ventura até que a lesão ocular esteja completamente sanada.
O boletim aponta, ainda, que os exames de ressonância magnética mostraram cortes internos no globo ocular. No entanto, "esteticamente e externamente, o globo está íntegro". Os médicos então decidiram não realizar nenhum procedimento cirúrgico no olho lesionado.
Já o adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos, que perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingido por disparo de bala de borracha, recebeu alta e está em casa. No entanto, segundo informou nessa quinta-feira (3) Marcellus Ugiette, um dos advogados da vítima, a situação ainda é grave.
Ugiette informou que Daniel está recluso em um quarto e sente dores nos olhos, inclusive no que não foi atingido pelo disparo, e nas costas. O advogado esteve na residência da vítima nesta quinta-feira (3) para avaliar a questão da indenização, que ainda não foi definida.