TIROTEIO

PM envolvido em tiroteio que resultou na morte de três pessoas em bar em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, é promovido e encaminhado à reserva remunerada

O crime aconteceu em 5 de setembro de 2020, em um bar localizado em Boa Viagem, Zona Sul do Recife

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JC

Publicado em 23/08/2021 às 12:55 | Atualizado em 23/08/2021 às 13:19
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O major da Polícia Militar José Dinamérico Barbosa da Silva Filho, de 49 anos, que se envolveu em um tiroteio com um policial penal num bar em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi promovido a tenente coronel e encaminhado à reserva remunerada. O caso aconteceu em setembro do ano passado e deixou três pessoas mortas e quatro feridas. Os dois policiais são réus por homicídio e tentativa de homicídio.

 

Em nota, a Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE) revelou que o major passou compulsoriamente para a Reserva Remunerada da PM por conta do tempo de serviço acumulado e da incapacidade física.

"A Polícia Militar de Pernambuco esclarece que, com base na legislação vigente e em virtude do tempo de serviço acumulado, bem como sustentado no parecer técnico da Junta Militar de Saúde (JMS), homologado depois pela Junta Superior de Saúde (JSS), atestando sua incapacidade física definitiva para o serviço ativo da PMPE, o major José Dinamérico Barbosa da Silva Filho foi desligado das fileiras da PM e passou, compulsoriamente, para a Reserva Remunerada da Polícia Militar", informou o comunicado. 

A corporação afirmou também que o PM continuará respondendo aos processos a ele imputados, tanto na esfera administrativa quanto judicial, "podendo ainda sofrer todas as sanções que por acaso lhe sejam determinadas".

Leia nota na íntegra: 

A Polícia Militar de Pernambuco esclarece que, com base na legislação vigente e em virtude do tempo de serviço acumulado, bem como sustentado no parecer técnico da Junta Militar de Saúde (JMS), homologado depois pela Junta Superior de Saúde (JSS), atestando sua incapacidade física definitiva para o serviço ativo da PMPE, o major José Dinamérico Barbosa da Silva Filho foi desligado das fileiras da PM e passou, compulsoriamente, para a Reserva Remunerada da Polícia Militar. Dessa forma, o Comando Geral da Corporação, em virtude de lei, publicou o ato de transferência para a inatividade do referido militar, o que garante sua promoção ao posto imediato, aguardando homologação do processo junto à FUNAPE.

Cabe esclarecer ainda que o ato está previsto no Artigo 101, Inciso IX, do Regulamento Geral da PMPE, aprovado pelo Decreto nº 17.589, de 16 de junho de 1994, c/c o Artigo 1º, Incisos I e II do Decreto nº 14412/90 e o Artigo 21 e seus parágrafos, da Lei Complementar nº 059, de 05 de julho de 2004.

Fundamental também destacar que Dinamérico Barbosa da Silva Filho continuará respondendo aos processos a ele imputados, seja na esfera administrativa, seja na esfera judicial, podendo ainda sofrer todas as sanções que por acaso lhe sejam determinadas.

Entenda o caso

A confusão aconteceu no dia 5 de setembro no Bar do Primo, localizado na Rua Professor José Brandão. Houve uma discussão entre Dinamérico e um policial penal, identificado como Ricardo de Queiroz Costa, dando início ao tiroteio. Ambos ficaram feridos. Pelo menos sete viaturas foram enviadas ao local. Policiais do 19º Batalhão aprenderam, no bar, três pistolas, quatro carregadores de pistolas e 39 balas (24 munições de calibre 9mm e 15 de calibre 380).

Na ocorrência, sete pessoas foram atingidas pelos disparos. Um homem faleceu no local e outro morreu em uma unidade hospitalar, para onde foi socorrido. Os mortos eram clientes do bar e, segundo testemunhas, não estavam envolvidos na briga. Eles foram o corretor Ekel de Castro Pires, 62 anos, e o empresário Cláudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, 57.

Outras cinco pessoas, incluindo os suspeitos de efetuarem os disparos, foram hospitalizadas em unidade de saúde do Recife. Dentre os internados estava George Mauro de Carvalho Vasconcelos, de 70 anos, que também morreu, dias depois.

Os mortos

* Cláudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, 57 anos, dono de uma oficina mecânica. Era casado e não tinha filhos. Segundo testemunhas, era cliente do bar e estava numa das mesas vizinhas à do policial penal. Levou um tiro nas costas e foi socorrido com vida para o Hospital da Restauração. Lá, não resistiu e morreu

* Ekel de Castro Pires, 62 anos, corretor de imóveis. Era casado e tinha quatro filhos. Morava perto do bar e costumava frequentá-lo. Estava na mesma mesa que Claudio. Morreu no local

* George Mauro de Carvalho Vasconcelos, 70 anos. Estava na mesma mesa que Ekel e Claudio. Levou um tiro no rosto, perto do olho. 

Os feridos

* José Dinamérico Barbosa da Silva Filho, 49 anos. Major da Polícia Militar, foi um dos envolvidos na discussão. 

* Ricardo de Queiroz Costa, 40 anos. Policial penal, também foi um dos envolvidos na briga. Segundo sua esposa, ele levou três tiros: um no punho, que provocou fratura exposta; outro no joelho e o terceiro na pélvis. Esse último perfurou bexiga e intestinos

* Eva Valéria Alves do Nascimento, 55 anos. Levou dois tiros no braço direito. Era uma das clientes do estabelecimento. 

* Eduardo Bernardo Pereira Gomes Insfran, 55 anos. Levou um tiro de raspão no abdômen. Ele é filho do cônsul do Paraguai no Recife, Guillermo Insfran. Era um dos clientes e não conhecia os dois homens que participaram da briga

Justiça

Em dezembro de 2020, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decretou a prisão do major da Polícia Militar José Dinamérico Barbosa da Silva Filho, 48 anos, e do policial penal Ricardo de Queiroz Costa, 40 anos, envolvidos na troca de tiros. 

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Ainda em setembro, os policiais chegaram a ter as prisões preventivas decretadas e, pouco depois, revogadas. Já em dezembro, as prisões foram decretadas por unanimidade pelos desembargadores da 3ª Câmara Criminal do TJPE, revogando a decisão do juiz de 1ª instância que soltou os envolvidos. Com a decisão, novos mandados de prisão preventiva foram expedidos. As defesa de ambos ainda podem recorrer da decisão colegiada no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

Em novembro, os policiais viraram réus por seis crimes. Segundo o promotor de Justiça André Rabelo, responsável pela denúncia, eles respondem por três homicídios qualificados e por três homicídios tentados. 

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