MEIO AMBIENTE

Zoológico de Dois Irmãos, no Recife, tem domingo agitado: famílias apostam no passeio educativo e ao ar livre

Mesmo com restrições ainda devido à pandemia, equipamento teve sucesso de público em mais um domingo

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Katarina Moraes

Publicado em 24/10/2021 às 16:42 | Atualizado em 27/10/2021 às 9:30
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Os vários vendedores de maçã do amor, algodão doce e balões na Praça de Dois Irmãos, no bairro homônimo na Zona Norte do Recife, já anunciavam o sucesso de público no Parque Estadual neste domingo (24). Os funcionários fantasiados de personagens não descansavam; posavam para fotos a todo minuto. Foi difícil até mesmo encontrar vagas de estacionamento, enquanto uma multidão de crianças pulavam de um lado ao outro nas ruas felizes com a ida ao equipamento que reabriu em 13 de outubro, após mais de um ano e meio fechado por causa da pandemia da covid-19.

Ao todo, foram 5.391 visitantes, segundo contagem da bilheteria, com presença simultânea de cerca de 2 mil, que se se sentiram atraídos pela reserva de Mata Atlântica e pelo Zoológico ainda que restrições continuem vigentes, como a proibição de acesso à ala dos grandes animais, como hipopótamo e macacos, por exemplo. Por enquanto, o Parque Estadual de Dois Irmãos está aberto a um público máximo simultâneo de 3 mil pessoas de quarta a domingo, das 9h às 15h, exceto feriados. A venda dos ingressos, que custam R$ 2,50 (meia-entrada) e R$ 5,00 (inteira), é encerrada às 14h.

O biólogo Ivson Lima, funcionário do Parque, contou que o movimento ainda foi menor do que no domingo anterior, e que a equipe fica feliz em ver tantas pessoas se divertindo enquanto aprendem sobre a importância de um zoológico e da conservação das espécies. Disse também que os pequenos animais já sentem a diferença do parque já cheio de visitantes. "Eles perceberam a mudança na rotina, mas nada que tenha afetado na qualidade de vida e na saúde deles. Sempre temos veterinários e biólogos de plantão para interferir caso haja qualquer alteração, até porque fazemos um trabalho de medicina preventiva, com checagens diárias neles", contou.

Logo na entrada do parque, na área de exposição que funciona todos os domingos das 9h às 15h, estudantes do Laboratório Interdisciplinar de Anfíbios e Répteis (LIAR) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) faziam os olhos dos visitantes mirins brilharem com répteis e anfíbios empalhados ou conservados em álcool e formol. Ao mesmo tempo, ainda aprendiam. “O conhecimento sobre esses animais não é muito disseminado, e isso é muito importante, até porque as pessoas ainda os matam muito. Está sendo muito legal, porque além de ensinar, também aprendo e desenvolvo minha fala”, contou a universitária Iza Vilella, de 22 anos.

KATARINA MORAES/JC
Parque Estadual de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, neste domingo (24) - KATARINA MORAES/JC
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Parque Estadual de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, neste domingo (24) - KATARINA MORAES/JC
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Parque Estadual de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, neste domingo (24) - KATARINA MORAES/JC

Às sextas, sábados e domingos acontecem atividades especiais. Nos três dias, bichos-preguiça são colocados ao ar livre para tomar sol, enquanto funcionários do parque explicam por que os animais estão no zoológico e como será feito o processo de reintrodução deles à natureza, caso possível. De 10h às 11h, e das 13h às 14h, acontecem atividades de pinturas e gincanas educativas de sustentabilidade para as crianças.

A dona de casa Carla Moura, 42 anos, e a auxiliar Layssa Fernanda Moura, 19, mãe e filha, foram do bairro de Areias, na Zona Oeste, até Dois Irmãos para levar as crianças da família para se divertir no local, e aprovaram o passeio, apesar de quererem ter visto os grandes animais. "Particularmente não gostei da parte de estarmos sem acesso aos animais maiores. Mas quis vir pelo passeio mesmo e pelo tempo que nós ficamos presos em casa. Aqui é muito bom, não temos do que reclamar", disse Layssa.

Ivson explicou que até segunda ordem apenas a área até o açude pode ter a circulação do público pelo temor que os animais maiores sejam contaminados pelo novo coronavírus. "Temos 89 aves em exposição, 140 répteis e mamíferos de pequeno porte. Atrás não estamos abrindo por causa da pandemia, e porque os animais são muito sensíveis. Precisamos ir sentindo e abrindo aos poucos. Por enquanto, ele estão ouvindo, percebendo a movimentação de pessoas e se readaptando a esse movimento", relatou.

Eram muitas as famílias que aproveitavam um piquenique embaixo das sombras feitas pelas tantas árvores da reserva. Gente como a autônoma Neide Passos, de 54 anos, que junto aos familiares se divertia torcendo pelas crianças na corrida de sacos. "Nunca vim aqui na vida, é a primeira vez. Decidi vir porque vi na TV que estava aberto. Estou gostando muito, as crianças estão adorando, entramos cedinho e só vamos embora quando fechar", disse.

Na área da aves, o barbeiro Felipe Pereira, de 23 anos, mostrava os animais ao filho. "Está tudo joia, é a primeira vez que viemos aqui desde que reabriu, e a segunda na vida dele. Está valendo a pena, estamos gostando", disse.

No geral, o público respeitava a ordem para usar máscaras contra a covid-19, apesar do distanciamento social nem sempre ser cumprido. A programação do Parque Estadual de Dois Irmãos varia de um final de semana para outro, e deve ser conferida pelos visitantes através das redes sociais oficiais do equipamento. Por enquanto, não há previsão para a reabertura de novas áreas de convivência ou para vendas de lanches.

Novo plano diretor

O Parque Estadual de Dois Irmãos já reabriu com nova política: a de dar destaque à riqueza da fauna de Pernambuco. Novo plano diretor do equipamento permite apenas a presença de animais nativos do Estado, e, por isso, já transferiu algumas espécies para outros centros de preservação, como a ursa. Outras, no entanto, por questões de saúde e de idade avançada, permanecerão na reserva, mas não serão substituídas quando morrerem, como o chimpanzé.

São novidades no zoológico 28 animais nativos dos biomas Mata Atlântica e Caatinga, entre jiboias, tucanos, salamantas, tamanduás-mirins, furões, timbus, iguanas, quatis, savaco, gavião-carijó e gavião-pé-de-serra. Segundo a equipe, os novos moradores só foram para o zoológico porque foram encontrados em criadouros ilegais e não conseguiram ser reabilitados na natureza.

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