MEIO AMBIENTE

No Recife, família Schurmann cumpre 100 dias de jornada para salvar os oceanos e quer soluções de startups

Em evento no Porto Digital, família considerou o Recife uma cidade madura para lidar com o tema e alertou que a atual jornada não é alarmista "é de fatos"

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 09/12/2021 às 13:08
TSUEY LAN BIZZOCCHI/CABANGA
PARADA ESTRATÉGICA Em evento no Porto Digital, família considerou o Recife uma cidade madura para lidar com o tema da sustentabilidade - FOTO: TSUEY LAN BIZZOCCHI/CABANGA
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Salvar os oceanos e, indubitavelmente, o futuro do planeta é uma agenda necessária e que precisa em tempo recorde de ações que gerem soluções. Ciente dessa necessidade, a família Schurmann - famosa pelas voltas ao mundo a bordo de um veleiro - decidiu que a quarta aventura oceânica demandaria um pilar prático para adoção de respostas que reduzam o impacto do lixo plástico produzido pelos seres humanos. Completando 100 dias da jornada Voz dos Oceanos no Recife, a família tem se aproximado das empresas tecnológicas e de quem, um pouco mais à frente, poderá mudar a realidade que aí está: os jovens. 

Na capital pernambucana, a expedição Voz dos Oceanos teve a oportunidade de mostrar a necessidade da cadeia econômica, sobretudo tecnológica, não se abster do debate em torno da sobrevivência do ecossistema oceânico. O Brasil já é o quarto País do Mundo na produção de resíduos plásticos, e diferente de países que estão à sua frente, ainda recicla muito pouco do que joga fora, atingindo a marca de apenas 6%. 

"Isso tudo começou há 37 anos, quando saímos na nossa primeira viagem, partindo de Santa Catarina com três filhos pequenos. Planejamos uma viagem que deveria durar três anos e acabou durando dez anos. Depois, demos uma segunda volta ao mundo, por três anos. Até chegar á terceira volta. Entre a Austrália e Japão, paramos numa ilha linda, com água azuis, desabitada. Paramos e ficamos chocados. A praia pequena era coberta de plástico. Não dava para desembarcar. Aquilo deixou a gente sem respirar.  Depois daquele momento, que já vínhamos vendo a invasão do plástico, voltamos ao Brasil, sentamos e decidimos criar a Voz dos Oceanos. Uma maneira de devolver tudo que eles têm nos dado nesses 37 anos", diz a matriarca Heloisa Schurmann. 

Movidos pela necessidade de reverter a situação, Heloisa e Vilfredo Schurmann embarcaram no veleiro Kat numa agenda que vai até a Nova Zelândia, em dois anos, e está longe de ser ser apenas um passeio. 

"Temos um problema, sim. Mas a gente precisa tomar a iniciativa. Olhamos para o problema como oportunidade para fazer algo de diferente", explica o diretor-geral e de operações da Voz dos Oceanos, João Amaral. 

Para trilhar resultados, indo além das constatações, a família estabeleceu quatro pilares para desenvolvimento do projeto. Um deles põe a sustentabilidade como oportunidade de empreendimento, dialogando diretamente com empresas de tecnologia na capital pernambucana para estimular a resolução de problemas relacionados à produção e descarte do plástico. 

"Na vertical da educação fizemos união de forças com dois institutos para levar isso a escolas, empresas e poder público. Saímos no dia 39 de agosto de 2021 e estamos tendo a oportunidade de entender o que está acontecendo em tempo real nos oceanos, porque estamos mantendo um pilar científico, com monitoramento da qualidade das águas onde chegamos. Isso não é uma jornada alarmista. É de fatos. Se temos um problema e o mapeamento de dados. Quem trata dados? Startups e empreendedores. Se tenho os dados, estou colocando à disposição da comunidade para que soluções possam ser postas à disposição da sociedade", indica Amaral.

A quarta vertical é de divulgação das ações, por meio de produções audiovisuais. Na última expedição foram gerados 70 terabytes de imagens e 130 mil fotos, o que levou a família a gravar 11 programas para o canal National Geographic. 

Embora não tenha feito negociações diretas com empresas locais para que apresentam soluções ao problema evidenciado na jornada iniciada em prol dos oceanos, a família cumpriu agenda no Porto Digital para, levando o pilar da educação aos jovens por meio de palestra, na manhã desta quinta-feira (9). Lá também contou com o apoio de empresas de tecnologia, das quais espera saídas para redução do uso e descarte do plástico.

O Recife foi considerada pelos Schurmann uma cidade com maturidade para debater e trabalhar a sustentabilidade, tendo como exemplo o poder público, com iniciativas que debatem o tema e tentam modificar a realidade apoiando cooperativas a agregando valor à reciclagem. 

"A voz dos oceanos é todos nós, para salvar esse planeta. O oceano é responsável por 50% a 60% do oxigênio. A voz dos oceanos tem o papel de transformar para que nossas ações não inviabilizem isso", diz o capitão Vilfredo Schurmann. 

VOZ DOS OCEANOS

Iniciada em Santa Catrina e com duração prevista de dois anos, a expedição Voz dos Oceanos, depois do Recife, segue para Fernando de Noronha. Após a passagem pela ilha, a rota entra na fase internacional, passando pelo Caribe, costa atlântica dos Estados Unidos, arquipélago das Bermudas, México, canal do Panamá, Galápagos, Oceano Pacífico Sul, Polinésia e a Nova Zelândia, onde será concluída totalizando a passagem por 60 lugares nacionais e internacionais.

A tripulação segue a bordo do veleiro Kat, com suas seis cabines, duas salas, uma cozinha e três banheiros. A embarcação faz uso de energias limpas - eólica, hídrica e solar e tem geradores e baixo consumo e sistema de tratamento de esgoto. Há uma quilha retrátil com acionamento hidráulico instalada no veleiro, permitido que ele navegue em águas rasas e também rios. A equipe é composta por sete pessoas a bordo do veleiro, além de outras 12 fixadas no escritório em São Paulo. 

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