A caminho da descarbonização, Fernando de Noronha recebe 18 veículos elétricos para uso de empreendedores e do poder público
Intenção é avaliar a aderência dos veículos às mais variadas atividades da ilha, que deverá eliminar o uso de veículos a combustão até 2030
Fernando de Noronha tem, até 2030, um grande desafio no combate à poluição: eliminar os cerca de mil veículos a combustão que hoje circulam no paraíso natural. A meta, prevista na Lei do Carbono Zero, de Nº 16.810, começa a ser aplicada agora, com o envio de 18 carros elétricos para o distrito, que servirão para a Neoenergia estudar qual será o melhor uso deles no dia a dia do local.
Serão dez veículos disponibilizados pela Renault, quatro buggies, dois veículos da Nissan e dois exclusivos para uso da Neoenergia. A previsão é que seis desses sejam enviados até abril.
O Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Neoenergia, investe R$ 20 milhões para disponibilizar os automóveis para empreendedores locais, poder público e para uso operacional da empresa. O projeto Trilha Verde, como foi chamado, é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e tem a parceria do Governo de Pernambuco, da Renault, WEG, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), IATI, do CPqD, eiON e Incharge.
Além dos carros, a iniciativa prevê a construção de mais duas usinas solares, uma delas com sistema de armazenamento para utilização à noite, para suprir a necessidade da frota, e 12 novos ecopostos que serão instalados em pontos estratégicos da ilha e disponibilizados para todos os carros elétricos do arquipélago.
Até o final de 2023, quando já será proibida a entrada de novos veículos a combustão na ilha, os elétricos e os recursos energéticos utilizados no projeto serão analisados. As informações coletadas serão, então, submetidas a avaliações de viabilidade dos modelos de negócios e, posteriormente, confeccionado um mapa orientativo para futuras ações relacionadas à mobilidade elétrica em Fernando de Noronha.
“Mais que simplesmente ampliar veículos elétricos, ecopostos e sistemas de geração de energia limpa na ilha, o Trilha Verde tem o propósito de avaliar a viabilidade de modelos de negócios sob os aspectos ambientais, técnicos e econômicos em Fernando de Noronha. Acreditamos que o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento irá impulsionar a sustentabilidade em um ecossistema preservado como Noronha e contribuir de forma determinante com o processo de descarbonização nos variados segmentos econômicos do arquipélago”, destacou o presidente da Neoenergia Pernambuco, Saulo Cabral.
A lei que impedirá o acesso de veículos traz que os prazos podem ser prorrogados em até cinco anos se, ao tempo da data estabelecida, "não houver desenvolvimento tecnológico suficiente para garantir o fornecimento de energia limpa no Distrito Estadual de Fernando de Noronha". O texto não deixa claro se haverá algum auxílio para que os locais adquiram os carros elétricos, que beira o custo de R$ 160 mil.
Noronha tem um total de 26 km², com 17 km² só na principal ilha. Estima-se que haja cerca de mil veículos circulando por ela, desde caminhões e ônibus até carros.
O Governo de Pernambuco foi questionado sobre como ou se irá ajudar na viabilização da medida, e a resposta será incluída nesta matéria assim que for recebida.