Caso Heloysa: reprodução simulada da morte de criança é realizada em Porto de Galinhas
Ruas de acesso à comunidade Salinhas foram bloqueadas, e a segurança da área foi reforçada
Com informações da repórter Suelen Brainer, da TV Jornal
A Polícia Civil realiza, nesta quinta-feira (12), a reprodução simulada do crime que terminou com a morte da pequena Heloysa Gabrielly, de seis anos, na comunidade Salinas, em Porto de Galinhas. A reconstituição deveria ter ocorrido há duas semanas, mas foi adiada.
O objetivo é colher informações sobre o que aconteceu durante a ação policial que resultou na morte da criança, que foi atingida por um tiro no peito no dia 30 de março deste ano, enquanto brincava na rua. Ainda não se sabe quem efetuou o disparo que matou a menina.
Foram convocados para a perícia técnica policiais, familiares da vítima e outras testemunhas. Equipamentos tecnológicos, incluindo drones e scanner 3D, são utilizados para a perícia técnica.
No início da manhã, horas antes da reconstituição começar, as principais ruas de acesso à comunidade foram bloqueadas. Um forte esquema de segurança foi montado na área, com rondas da Polícia Militar e apoio de guardas municipais nos pontos de bloqueio.
No momento em que Heloysa foi atingida, acontecia uma perseguição do Batalhão de Operações Especiais (Bope) a um homem que passava de motocicleta pela comunidade. O homem apontado como condutor da moto que aparece em câmeras de segurança sendo perseguido pelos policiais no dia da morte da criança participou da reprodução simulada como testemunha.
A versão oficial da Polícia Militar é que, no dia da morte da criança, houve uma troca de tiros entre policiais e uma dupla suspeita de tráfico de drogas. No entanto, o vídeo mostra apenas uma pessoa na moto.
O advogado de defesa do motociclista, David Kenion, defende que o cliente não atirou contra os policiais do Bope e que eles procuram a verdade. "Ele [o cliente] conta que viu a polícia, ele não portava o documento da moto, estava sem habilitação. Aí, assustado, ele correu da polícia. A polícia disse que teve a troca de tiros, mas ele nega com todas as forças. [Ele disse] que não estava armado e não atirou na polícia. Não só ele, as testemunhas também falam isso", pontuou.
Na última segunda-feira (9), familiares de Heloysa e policiais do Bope foram ouvidos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife. Os depoimentos também irão embasar a investigação.
Nos dias seguintes à morte da criança, a população de Salinas realizou uma série de protestos em Porto de Galinhas, principal destino turístico do Estado. Na ocasião, o comércio local ficou fechado, em meio a um clima de tensão e medo. As manifestações só cessaram após o reforço da segurança na área.