CHUVAS

CHUVA EM PERNAMBUCO: moradores de Socorro vivem novo drama para limpar lama e entulhos sem água e energia

Lama e entulhos se acumularam nas ruas de Socorro por falta d'água e energia nesta segunda-feira (30)

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Bruno Vinicius

Publicado em 30/05/2022 às 16:47 | Atualizado em 01/06/2022 às 19:58
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Quando chegou ao Brasil, há pouco mais de 10 anos, o espanhol Jesus Fernandez, de 52 anos, tinha a expectativa de viver plenamente com sua esposa brasileira e duas filhas. Havia empregos para ele, que trabalha como pedreiro, e a casa no bairro de Socorro, em Jaboatão dos Guararapes, foi levantada há quatro anos. Em apenas um dia, tudo que foi construído em uma década, entre sonhos e concretos, foi levado embora.

 

A moradia, próxima ao Rio Jaboatão, ficou submersa com as chuvas que caíram entre a sexta-feira (27) e o último sábado (28). A água baixou, mas não sobrou nada, apenas lama em todos os cômodos do imóvel. O cenário é o mesmo para os vizinhos. Dois dias depois das chuvas que atingiram a região, grande parte do bairro de Socorro ainda não se recuperou. Lama e entulhos se acumularam por falta d'água e energia nesta segunda-feira (30).

Quem mora na região garante que nunca houve uma enchente como a dos últimos dias. Casas submersas, construções sendo levadas com o rio e bens materiais foram quase todos perdidos. A maioria dos moradores só conseguiu salvar a vida e alguns documentos importantes. Com a velocidade que a água atingiu as casas, não houve tempo suficiente de retirar as coisas, restando a procura de abrigos com familiares e amigos próximos. Com a diminuição das chuvas nesse domingo (29), as vítimas aproveitaram para retirar os principais entulhos.

SEM ÁGUA E ENERGIA

Sem energia e sem água, Jesus Fernandez ainda não conseguiu retirar nada da casa. Com a reportagem do JC, ele voltou para visitar o domicílio. O teto de gesso caiu nos dois quartos. A cozinha, com geladeira e fogão, ficou toda coberta de lama. E o banheiro, recém-reformado com cerâmica e móvel há menos de uma semana, ficou destruído. "Foi uma vida muito boa aqui, sempre tem serviço, nunca paro. Estava há quatro anos. Só salvei minhas duas filhas e minha esposa. Demais, perdi tudo. Foi uma destruição total. Há muita falta de infraestrutura e a população aqui está abandonada", disse Jesus.

"Começou a chover fim de semana passada. No anterior, começaram as chuvas. Deu uma enchente pequena, aqui subiu 30cm. Parou dois dias, melhorou. Quando começou de novo (na madrugada de sábado), eu achava que não ia encher tanto. Sábado, de madrugada, eu e minha esposa acordamos. A água ainda não tinha chegado na rua. Às 5h, tive que sair com as crianças começou a encher. Foi muito rápido. Por mim não imaginava, na sua cabeça que um fenômeno você passa por isso. E vou embora daqui, aqui não dá", conta Jesus, que está abrigado na casa da sogra com a sua família.

 

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Na foto: Rua Ayrton Sena. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Na foto: Rua Ayrton Sena. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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CHUVA // ESTRAGO // SOCORRO. Pessoas que perderam tudo nas enchentes no bairro do Socorro em Jaboatão. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Na Rua Nossa Senhora do Carmo, onde ele mora, sobraram poucas casas. As que estão de pé, os moradores ficaram sem nada. Postes caíram e a energia ainda não foi estabelecida. A rua, que não tem calçamento e rede de esgoto, só tem lama. Algumas casas não ficaram de pé, como uma residência que fica ao lado do domicílio de Jesus. No local, apenas uma parede e uma privada sanitária ficaram de pé. Os moradores tiverem que ir embora. A Prefeitura de Jaboatão, no entanto, ainda não recolheu os materiais nas ruas.

Do outro lado, na Rua Ayrton Senna, mais imóveis ficaram comprometidos. Pelo menos, três deles foram esvaziados. Uma casa foi tomada pela correnteza do rio e criou uma rachadura no terreno. Outra, que ficava relativamente distante, está quase cedendo no leito do Rio Jaboatão. As famílias dessas moradias fazem parte da estatística do Estado, que já contabiliza cinco mil pessoas desabrigadas - que necessitam de abrigo público devido aos danos a suas casas. Além do número de desabrigados, Pernambuco ainda conta 91 óbitos em decorrência dos desastres.

Luiz Gustavo, de 21 anos, é uma dos poucos moradores que permanecem na rua. Nascido e criado no local, viu de perto o sofrimento dos vizinhos que perderam tudo. "De madrugada, de 3h, estava tudo normal. Quando minha avó acordou, às 5h, começou a encher. Começou a chamar o pessoal para tirar os carros para não dar muito prejuízo. A gente não perdeu, porque a gente conseguiu colocar as coisas para cima, mas os vizinhos aqui perderam tudo", disse.

Jaboatão dos Guararapes

Jaboatão dos Guararapes foi uma das cidades mais atingidas pelas chuvas. Entre a sexta e o sábado, foram registrados mais de 260 milímetros de chuvas, o maior índice em 30 anos. A cidade decretou estado de emergência para tomar medidas administrativas necessárias para minimizar os transtornos e apoiar a população. 

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