Com informações da repórter Simone Santos, da TV Jornal
O dia seguinte ao incêndio na comunidade Ponte do Pina foi de desolação, muitos pedidos de ajuda, mas também de solidariedade. Na manhã deste sábado (7), era possível visualizar um cenário de destruição ao lado da Ponte Paulo Guerra, na Bacia do Pina.
Onde antes havia cerca de 30 moradias, só restaram cinzas. Não houve feridos. Mas muitas famílias relataram que perderam tudo, de móveis e eletrodomésticos a documentos, ficando apenas com a roupa que vestem.
Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife, esteve no local e mobilizou a sociedade para ajudar os desabrigados com a doação de alimentos, roupas, remédios e ajuda em dinheiro.
A situação entre os moradores é ainda de incredulidade. Muitos relataram o pavor que viveram na tarde desta sexta-feira (6) quando foram informados que um incêndio havia tomado a comunidade.
Nelson da Silva, catador de recicláveis, tem 46 anos. Na manhã deste sábado, ele tentava recuperar uma cama que sobrou do incêndio para vender e comprar comida. "Eu estava na rua, catando papelão, quando soube do incêndio. Corri para tentar salvar alguma coisa, tinha muita gente desesperada, tentando salvar o que dava, mas o resto queimou tudo aqui. Não resta mais nada da minha casa, documentos, roupas, remédio...queimou tudo".
Ana Lúcia, pescadora. "A gente estava sentada aqui na frente, quando chegou um rapaz gritando que os barracos estavam pegando fogo. Eu nem acreditei. Saiu do nada esse fogo, e veio tomando tudo. Não sobrou nada. Quem morava aqui perdeu tudo. Não me deixaram ir na minha casa pra tentar salvar alguma coisa porque eu tenho problema de coluna. Foi quando explodiu dois botijões, aí foi aquele desespero. Perdi geladeira com sururu e marisco. A pesca já estava difícil aqui, na sexta-feira eu não consegui vender nada. Não sobrou nada, só minha vida. Mas eu vou reconstruir tudo"
Gabi (mulher trans), trabalha com bronzeamento artificial. Ela estava no hospital se recuperando de uma cirurgia quando recebeu a notícia do incêndio. "Quando eu olhei no celular, vi um monte de gente postando fotos do incêndio. Eu perdi tudo, todo meu material de trabalho. Eu lutei tanto para conseguir minhas coisas, sofri preconceito de tanta gente... Ainda não sei como recomeçar a minha vida.
Tiago Bernadino, comerciante, não mora na comunidade mas foi ao local para tentar ajudar e salvar pessoas. "O cenário era de muita tristeza, consegui ajudar até o final. O fogo foi muito rápido, a preocupação então era salvar as pessoas e ajudar os bombeiros. Hoje eu vim com mais gente do Bode [comunidade vizinha] para continuar ajudando, agora organizando as doações".