Dois trens da Linha Sul são apedrejados e recolhidos, reduzindo a já baixa operação do Metrô do Recife
Hoje, só cinco trens da Linha Sul, que vai do Centro do Recife até Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, estão em funcionamento
Dois trens do Metrô do Recife foram apedrejados por volta das 15h dessa quarta-feira (17), precisando ser retirados de operação. Isso dificultou ainda mais a oferta já baixa: só há cinco trens funcionando nesta quinta-feira (18) na Linha Sul, que opera em 12 estações que vão desde o Centro do Recife até Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes.
Nesta manhã, às 6h30, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) Recife também registrou um problema nas portas de um dos trens, que precisou se evacuado na Estação Cosme e Damião, que fica na Várzea, Zona Oeste do Recife, e pertence à Linha Centro. Segundo a CBTU, houve recusa dos usuários em descer do trem e por este motivo, o registro de 15 minutos de atraso no sistema.
As ocorrências de furtos, vandalismos e falhas pela má operação do Metrô do Recife têm sido frequentes. Trens da Linha Sul circularam com atraso nessa quarta-feira (17) após o registro de um problema técnico. Às 11h15, um trem apresentou problemas no compressor e precisou ser evacuado nas proximidades da Estação Joana Bezerra.
O órgão contou que a equipe da manutenção atuou no local e o trem foi recolhido. Em virtude disso, houve a necessidade de se realizar o procedimento de via singela entre as estações Largo da Paz e Recife. Entretanto, o trecho foi liberado pouco tempo depois.
Nessa terça-feira (16), houve uma "explosão" provocada por um provável curto circuito em um dos trens do Ramal Jaboatão da Linha Centro. No mesmo dia, a coluna Mobilidade, deste JC, denunciou a situação precária no sistema do Recife, apontando como causa a ausência de recursos até mesmo para o custeio da operação.
Sem perspectivas de melhora
Por Roberta Soares
Sem recursos para nada, o Metrô do Recife também segue sem perspectivas, o que é o mais angustiante. Não recebe recursos do governo federal, via Administração Central da CBTU e Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), e ainda viu o estudo de uma possível estadualização e futura gestão privada ser engavetado pessoalmente pelo governador Paulo Câmara (PSB).
Em maio, o governador se comprometeu com os metroviários de que não iria avançar com o processo de estadualização e, posteriormente, concessão do Metrô do Recife à operação privada.
CONHEÇA O CEMITÉRIO DE TRENS DO METRÔ DO RECIFE:
Assumiu o compromisso depois que técnicos da Secretaria de Planejamento de Pernambuco - com o seu aval - modelaram uma proposta de Parceria Público Privada (PPP) em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a pedido do governo federal. O Ministério da Economia decidiu conceder os sistemas operados pela CBTU no Brasil, além da Trensurb de Porto Alegre para gestão privada. E, apesar da recusa do Estado, os estudos seguem.
O Sindicato dos Metroviários (SindMetro) pressionou e ameaçou paralisar o metrô, conseguindo travar o processo pelo menos na gestão de Paulo Câmara. De lá para cá, nada aconteceu e o metrô seguiu em destruição, sem dinheiro para custeio, muito menos para investimentos, com muitas quebras, intervalos superiores a sistemas de trens de subúrbio e, ainda, sem perspectiva. Nenhuma perspectiva.
Cada grupo defendendo apenas seus nichos, enquanto o passageiro sofre e paga a conta.