A Associação de Amigos da Vila do Papelão (Avipa), que já ajudou centenas de jovens na Comunidade do Coque, na área central do Recife, agora é quem precisa da solidariedade da população. Em funcionamento há 18 anos, o projeto social almeja ter, pela primeira vez, uma sede própria.
Em uma pequena casa alugada, apelidada de “casinha”, a Avipa leva cultura e educação para mais de 200 crianças que vivem na comunidade com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade, com 57% dos moradores vivendo com renda mensal entre R$ 130 e R$ 260, segundo dados de 2020.
Ali, são ministradas brincadeiras, aulas de música, capoeira, ioga e contação de história aos sábados e domingos, além de alimentação e rodas de conscientização para jovens de 3 a 18 anos. Tudo isso sem nenhuma ajuda governamental, apenas com doações de civis.
O objetivo, atualmente, é arrecadar R$ 120 mil para "adquirir uma sede própria que nos permita ampliar e fortalecer nossas atividades, entendendo o brincar como potência na formação de crianças e jovens do Coque, impulsionando a criação de mundos melhores possíveis”, segundo a coordenadora, Laurimar Thomé, 45.
Parte valor necessário já estava em caixa, mas, com a chegada da pandemia da covid-19, as organizadoras viram a urgência de focar na garantia da alimentação das pessoas. “Focamos em doar cestas básicas e voltamos para a estaca zero. Estamos sem dinheiro, contou Laurimar.
Ela, junto a Vanda Lúcia da Cunha, deu início ao projeto ainda em 2004, quando viu a necessidade de orientar catadores de lixo da região a não deixarem os seus filhos manipularem o material, visando prevenir uma contaminação.
O programa cresceu, se estruturou e hoje ajuda gente como a manicure Brena Haamony, 29, que deixa os dois filhos, Brayan, 13, e Henzo, 5, na “casinha” para conseguir trabalhar aos finais de semana, os dias que têm mais clientes.
“Este é o primeiro ano de Henzo, mas Brayan já está desde os 5 anos e adora. Eles se ocupam lá e eu não me preocupo com alimentação porque oferecem. Sei que é um lugar seguro, onde vão estar aprendendo, porque passam muitas coisas boas”, relatou.
Para colaborar:
O projeto tocou o secretário de segurança cidadã do Recife, Murilo Cavalcanti, que destinará a ele 100% da renda obtida no lançamento de seu novo livro, que ocorrerá neste 26 de janeiro, às 10h, no Compaz Helder Câmara, também no Coque.
“Me tocou profundamente porque é uma iniciativa das próprias mulheres da comunidade. Estou muito feliz e espero que possa vender de 150 a 200 livros para ajudar esse projeto.”, disse.
O livro Minha Causa - Do Cara da Noite ao Cara do Compaz, que custa R$ 30, conta que a missão de vida do secretário virou a redução da violência urbana quando sua irmã ficou tetraplégica ao ser baleada em um assalto no Recife, em 2003.
Sobretudo como, após isso, foi instigado a procurar soluções em Medellín, na Colômbia - cidade que virou exemplo mundial de transformação social - e a criar o Centro Comunitário da Paz (Compaz) na capital pernambucana.