ATRASOS SALARIAIS

SALÁRIOS ATRASADOS: vigilantes de escolas de Pernambuco começam a receber salários após início de ano sem dinheiro

Após reunião entre o Sindesv-PE, uma representante da SEE e a BBC Vigilância, a empresa efetuou o pagamento referente ao mês de janeiro. Na próxima semana vence o salário de fevereiro e novo pagamento precisa ser efetuado

Filipe Farias
Cadastrado por
Filipe Farias
Publicado em 03/03/2023 às 17:48
SEVERINO SOARES/JC IMAGEM
Vigilantes das escolas estaduais estão com salários atrasados - FOTO: SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

Assim como as merendeiras, os profissionais de vigilância que prestam serviço ao Governo de Pernambuco também estão sofrendo com os salários atrasados. Até a semana passada, os vigilantes conviviam com dois meses sem receber os vencimentos, além de ticket refeição e vale-transporte. Muitos sendo obrigados a pedir ajuda a amigos e a familiares para comprar alimentos e passagem para irem trabalhar.

Porém, após reunião nesta semana entre representantes da Secretaria de Educação e da empresa BBC Vigilância (empresa que venceu a licitação), além da diretoria do Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (Sindesv-PE), ficou acordado o pagamento de ao menos um salário nesta semana, algo que aconteceu.

"Houve uma reunião aqui no nosso sindicato e foi firmado um compromisso com a Secretaria de Educação para liberar os valores, e com a BBC de repassar o dinheiro para os trabalhadores. E, nessa semana, os vigilantes já receberam um salário", confirmou José Inácio Souza, presidente do Sindesv-PE.

Informação que também foi confirmada pela Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE). "Neste encontro, a empresa se comprometeu a regularizar o pagamento do salário dos vigilantes que prestam serviço à Educação", informou a secretaria.

O valor pago foi referente ao mês de janeiro. Entretanto, na próxima semana, outro mês já vai vencer e um novo pagamento precisa ser efetuado. "Estamos trabalhando incansavelmente para que o pagamento de fevereiro ocorra no próximo 5º dia útil", garantiu Márcio de Paula, gerente Operacional da BBC Vigilância.

Questionado se o governo está em dia com os pagamentos com a empresa, o gerente da BBC desconversou. "Quanto a esse assunto não há o que declarar. Reafirmo que estamos incansavelmente trabalhando para sanar os problemas e cumprir as obrigações", declarou Márcio de Paula.

Em nota, o Governo do Estado de Pernambuco garantiu que "os pagamentos às empresas terceirizadas da Secretaria Estadual de Educação, que cuidam de contratos de merendeiras, porteiros e auxiliares administrativos, entre outros, estão ocorrendo dentro dos prazos previstos em contrato".

A reportagem do Jornal do Commercio tentou contato com outras empresas terceirizadas que prestam serviço ao Governo: Toppus Serviços Terceirizados, Servitium Ltda e Maranata Serviços, mas não obteve retorno das ligações.

Situação dos vigilantes

Os atrasos salariais dos vigilantes que trabalham na empresa que presta serviço ao Governo do Estado não é de hoje. Em conversa com a reportagem do JC, um deles, que preferiu manter o anonimato para não sofrer represálias, afirmou que nos mais de cinco anos que trabalha na BBC Vigilância, nunca teve o seu FGTS recolhido.

"Essa empresa não era nem para participar de licitação, porque é uma empresa irregular. Estou aqui há mais de cinco anos e nunca recolheram o meu FGTS. Além disso, eu estou com três férias vencidas. Você goza as férias, mas não recebe por elas. Também estamos com tickets de alimentação atrasados. É complicado", disse João José (nome fictício, pois o funcionário não quis se identificar).

Segundo relato do funcionário, esse sofrimento já vem acontecendo há anos. "Isso ocorre há uns sete anos. Desde o governo de Paulo Câmara que estamos nessa 'sofrência' e nada de regularizar a nossa situação", informou João. "Teve colega que sofreu um acidente e precisou entrar no INSS, porém ele não conseguiu receber pelo seguro social porque a empresa não estava repassando corretamente os valores. Ou seja, cobravam da gente, mas não repassavam para o INSS", denunciou.

Um outro vigilante, também em anonimato por medo de perder o emprego, contou a humilhação que muitas vezes é obrigado a passar no posto de trabalho. "São tantos atrasos que só não passamos fome porque as professoras nos dão merenda das escolas e fazem cesta básica para gente. Se não fosse isso não teríamos o que comer", relatou Antônio Silva (nome fictício).

Por fim, Antônio relatou o sofrimento pessoal de alguns colegas de trabalho. "Muitos estão sem condições de pagar o aluguel da casa e estão sendo ameaçados de serem despejados. Fora a falta de dinheiro para pagar a escola particular dos filhos. Somos muito humilhados", lamentou.

Comentários

Últimas notícias