Primeiro território brasileiro a lançar o Decreto Plástico Zero, em vigor desde 2019, o Arquipélago de Fernando de Noronha recebeu especialistas, na semana passada, para discutir novas ações que evitem os danos ao oceano nos próximos anos.
Ana Paula Prates, diretora de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente e representante do Brasil nas negociações do Tratado Global dos Plásticos, destacou que, todos os anos, o oceano recebe até 3 milhões de toneladas de lixo plástico.
"A gente esquece que o oceano está como uma esponja, absolvendo tudo. Os principais impactos são a perda da biodiversidade, sobrepesca e degradação de habitats", citou a especialista, durante o encontro Noronha e Oceanos Sem Plásticos “De Mãos Dadas Por Oceanos sem Plástico”, realizado na última sexta-feira (30).
Ana Paula Prates afirmou que as negociações do Tratado Global dos Plásticos, que envolvem todos os países ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), pouco avançaram até agora.
"No ano passado o órgão do meio ambiente da ONU deu um prazo para os países chegarem, até o final de 2024, a um tratado para conter a poluição de plástico chegando até o oceano. Para isso, haverá a redução gradativa de uso de alguns plásticos e o banimento de outros. Mas também é preciso um olhar social, principalmente na questão dos catadores e da saúde humana", disse.
"Para se chegar ao acordo, vão acontecer cinco encontros. Acabou de acontecer o segundo encontro, que foi há um mês em Paris. O próximo será em novembro. E, no ano que vem, mais dois encontros. Nessa reunião que acabou de acontecer, não se avançou muito. A gente passou muito tempo discutindo procedimentos. Mas para a próxima em novembro que vai acontecer na Europa a ideia é que já tem um rascunho zero para os países começarem a discutir", continuou.
"Claro que tem muitos interesses por trás, principalmente na indústria de petróleo, que é uma grande fonte para o plástico. Mas a grande questão é que a gente tem que realmente conter essa poluição de plástico, principalmente no oceano", completou a representante do Ministério do Meio Ambiente.
O evento no Arquipélago de Fernando de Noronha foi promovido pelo Lab Noronha Pelo Planeta em parceria com o Forte Noronha e a Administração da Ilha.
“A ideia é desenvolver, com participação ativa da comunidade local, novos modelos econômicos que impulsionem o turismo e outras vocações, e, simultaneamente, protejam o meio ambiente, reduzam desigualdades e fortaleçam a cultura pernambucana”, explicou Sérgio Xavier, diretor-executivo do Lab Noronha, ex-secretário de meio ambiente e sustentabilidade de Pernambuco.
"Noronha pode e deve sair na frente nessa redução do uso de plásticos. As empresas precisam garantir que esses produtos trazidos para Fernando de Noronha vão voltar para o continente ou serão reaproveitados na ilha, sem qualquer prejuízo ao meio ambiente - principalmente ao oceano", afirmou Xavier.
O Lab Noronha Pelo Planeta é um projeto que está sendo implementado para interligar tecnologias e modelos de negócios sustentáveis e replicáveis, com foco na cultura, educação e na economia regenerativa e do descarbono. Entre as ações, estão iniciativas de difusão de conhecimento e informação que beneficiam as comunidades locais e a biodiversidade do entorno.