ACIDENTE

Mirabilandia pede que plano de saúde custeie tratamento de vítima de acidente

Atualmente, Dávine Muniz Cordeiro está internada no Hospital São Marcos, totalmente custeado pelo parque por decisão judicial

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 24/10/2023 às 19:04 | Atualizado em 24/10/2023 às 19:43
Dávine passou por cirurgia nos braços para tratar fraturas expostas e foi submetida a procedimento para colocar dispositivo capaz de controlar a pressão intracraniana - ACERVO PESSOAL

O Mirabilandia pediu que a vítima de um acidente em um de seus brinquedos tenha o tratamento de saúde custeado pelo plano de saúde dela, a rede Hapvida. Atualmente, o parque arca com o tratamento da professora Dávine Muniz Cordeiro, de 34 anos, no Hospital São Marcos, na área central do Recife, por decisão judicial.

A defesa da família diz que o parque pediu a transferência da paciente, alegando que o contrato é em modalidade de coparticipação (onde o paciente arca com parte dos custos) e enfermaria, sem quarto individual. “Impugnamos essas arguições do parque porque ela é vítima de um acidente de consumo, não foi ela quem deu a causa. A obrigação é toda do parque de manter o tratamento”, apontou a advogada Sandra Filizola.

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Arremessada em 22 de outubro após falhas na atração “Wave Swinger”, Dávine segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em coma e em estado grave. Contudo, ainda de acordo com a advogada, ela vem se recuperando - ainda que de forma lenta. Essa é outra preocupação da família. “Hoje ela não tem nem condições de ser transferida para um quarto”, disse.

Inicialmente, ela foi socorrida para o Hospital da Restauração (HR), onde ficou até 2 de outubro, quando a Justiça acatou um pedido de liminar da defesa que determinava a transferência dela para um hospital particular. Caso descumprisse a ordem, o estabelecimento vai estar sujeito a uma pena de aplicação de multa diária de R$ 5 mil, limitada à quantia de R$ 100 mil.

Em nota, a direção do Mirabilandia disse que não solicitou a transferência de Dávine Muniz para o hospital Hapvida. "O parque cumpriu a decisão judicial e continua responsável pelo custeio do tratamento médico-hospitalar de Dávine. Considerando a judicialização pela família da vítima e que o processo continua em segredo de justiça não é possível dar outras informações".

PARQUE AINDA INTERDITADO

O Mirabilandia segue interditado pelo Procon-PE por tempo indeterminado após não conseguir provar a segurança de seus brinquedos. O resultado da análise dos documentos foi apresentado na última segunda-feira (12) pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), que deu apoio técnico ao órgão de proteção ao consumidor.

Segundo o secretário Executivo de Justiça e Promoção dos Direitos do Consumidor, Anselmo de Araújo Lima, a documentação enviada pelo Mirabilandia apresentou inconsistências. Dos 30 brinquedos,  somente 26 tinham laudos técnicos — e desses, alguns sequer continham a identificação do responsável por assiná-los.

“Com a análise do Crea-PE, recebemos uma documentação com laudos de manutenção subscritos por alguém que não conseguimos identificar quem era”, explicou Anselmo. “Tinha uma rubrica, mas não tinha a função, um documento de identidade ou mesmo o nome legível de quem os assinou. Isso não oferece uma segurança para sabermos se era uma pessoa habilitada ou não [para o serviço].”

O Conselho ficou responsável por examinar somente as documentações, não a estrutura dos brinquedos em si. Isso deverá ser feito por uma equipe multidisciplinar e independente, contratada pelo parque, segundo recomendação. Outra orientação é que a própria equipe realize  vistorias e manutenção de forma periódica e permanente, além de enviar laudos de condições e funcionalidade para a Prefeitura de Olinda a cada 6 meses, em vez de a cada ano, como é hoje.

O Procon-PE deu um novo prazo de 30 dias — a partir do dia 10 de outubro — para que o Mirabilandia mostre todas as documentações solicitadas e regularizadas. A aplicação de multas não está descartada, caso se prove que, de fato, houve negligência do estabelecimento atestada pelas investigações, ainda em curso pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e pela Polícia Científica (PC).

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