O Governo de Pernambuco, por meio da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), arrecadou cerca de R$ 1,4 milhão nos últimos cinco anos com o aluguel do Memorial Arcoverde, na divisa entre Recife e Olinda. O valor, ainda que pequeno, jamais se converteu na requalificação do espaço, que deveria ter se tornado um grande parque urbano há pelo menos 30 anos.
Os dados foram enviados pela Empetur à reportagem do JC, via Lei de Acesso à Informação (LAI). Eles mostram que o local foi alugado 40 vezes desde 2019 - quando a fonte de recurso passou a ser detalhada -, principalmente por grandes empresas de eventos. Somente em 13 ocasiões ele foi alugado por associações locais e centros comunitários.
Enquanto isso, o espaço de 80 hectares desperdiçando seu potencial urbano, justamente por dividir as duas cidades, ter edificações importantes como o Centro de Convenções e o Classic Hall e por ser rodeado de comunidades em vulnerabilidade social que necessitam de áreas de lazer gratuitas.
O cenário é o mesmo há décadas: postes apagados, tornando-se um breu à noite, quadras de futsal, pistas de skate e de cooper mal cuidadas, banheiros danificados e mato alto. Até então, funciona somente o Espaço Ciência, previsto na planta.
Parte da área verde foi pavimentada para receber o Cirque de Soleil em 2009. Apesar dos pedidos do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) nos anos seguintes, o espaço jamais voltou a ser arborizado. Por isso, hoje, além de palco para festas privadas, ele serve como local de treinamento de direção para motoristas iniciantes.
Realidade totalmente diferente dos planos de Burle Marx, Acácio Gil Borsói e do paisagista Luiz Vieira, que em 1986 entregaram um projeto que previa um grande equipamento para o Estado, com bicicletário, área para realização de feiras, estacionamento com 110 vagas, passeio de acesso, áreas verdes, banheiros e vestiários, salas para aulas de dança e ginástica, campo society, ciclovia, arquibancadas, quadras poliesportivas, áreas para jogos, palco para eventos, entre outros espaços.
EMPETUR PROMETE RETOMADA
A Empetur afirmou ao JC que a expectativa é de concluir as obras do Memorial Arcoverde em agosto de 2026 , mas não informou quando devem começar ou quanto devem custar. Ainda, que a requalificação foi inspirada no projeto original, mas atualizada pelos arquitetos Marco Antônio Borsoi e Luiz Vieira.
“O parque prevê a criação de playground em areia branca, parcão, ciclovia, área de estar e jogos, estacionamento, pista de skate, área para eventos de pequeno e médio porte, entre outros. Ao mesmo tempo, houve o desenvolvimento dos projetos complementares, sendo eles: de estrutura, instalações hidráulicas e elétricas, CFTV, infraestrutura urbana (terraplanagem/pavimentação/drenagem) - intervenções de grande porte), combate a incêndio e sinalização”, informou.
ALTERAÇÕES NO PROJETO
Vieira explicou que a área para realização de eventos continuará existindo, mas será diminuída. “A ideia ali é ter uma área aberta, um espaço lúdico, mas que ocasionalmente possam ser feitos alguns eventos numa área reduzida. Os eventos vão diminuir de tamanho, para de menor porte”, disse.
“Ali sempre foi uma área para eventos no projeto, ao mesmo tempo a possibilidade dela ser utilizada no cotidiano do parque, como um grande gramado ou uma grande área livre. É um território que permitia ao governo ter uma renda também, que ajuda na manutenção”, explicou Borsoi.
Outras alterações foram o acréscimo de uma zona para exposições embaixo do viaduto e mudança da área prevista para a parte esportiva.
“É uma obra importantíssima, cartão de visita e de entrada para Olinda, em uma área muito abandonada. Prestaria um grande serviço à população residente na região”, defendeu Borsoi.