URBANISMO

Edifício Holiday, no Recife, passa por perícia neste sábado (13) para definir lance inicial em leilão

Análise, comandada pelo engenheiro civil Gustavo Farias, será feita em duas etapas

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 12/04/2024 às 17:32 | Atualizado em 13/04/2024 às 13:58
Edifício Holiday em Boa Viagem, zona sul do Recife. - GUGA MATOS/JC IMAGEM

O Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, passa por uma perícia técnica neste sábado (13), que vai definir por qual valor o prédio será leiloado. A análise vai ser feita pelo engenheiro civil Gustavo Farias, designado pela Justiça, e outros quatro peritos convidados por ele.

Segundo Farias, a primeira fase da avaliação acontece a partir das 8h, e será um “trabalho extremamente técnico, nada opinativo". "Precisamos vistoriar para entender os pontos positivos e negativos [do prédio]. Convidei outros colegas para me acompanharem porque é um processo complexo, com muita gente envolvida e muitos interesses”, disse.

Na vistoria, serão utilizados drones para observar a situação da construção. “Cada um ficará responsável por fazer análise naquele momento para somar à minha percepção para eu conseguir checar a real condição do bem”, afirmou.

A segunda etapa, feita posteriormente, em seu escritório, consistirá em uma análise de dados do mercado, a fim de guiar o preço do terreno, situado em uma área nobre da cidade. “A soma dos dois fatores, do terreno e construção, vai definir o valor do bem”, explicou.

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Assim, o engenheiro terá cerca de uma semana para lançar o lance inicial do leilão no processo que levou à interdição do prédio, em 2019. Já a venda deve acontecer entre 22 e 23 de maio para indenizar os antigos moradores da edificação.

PREFEITURA PEDE CONSERVAÇÃO DO IMÓVEL

A pedido do juiz do caso, a Prefeitura do Recife elaborou ficha de diretrizes para orientar o comprador do edifício. Nela, recomendou que o Holiday não seja demolido ou descaracterizado a menos que “comprovadamente, seja atestado comprometimento considerável da estrutura”.

“As melhorias deverão respeitar os parâmetros de área non aedificandi (não edificante), a preservação de visadas e seguir os parâmetros urbanísticos estabelecidos pela legislação municipal vigente, de acordo com a zona onde o lote está inserido”, pediu.

A justificativa do pedido é por reconhecer que “as características do imóvel e sua grande interferência na paisagem urbana e na memória afetiva da população”. A decisão sobre qual será o destino do edifício, marco da arquitetura modernista da cidade, contudo, permanece sendo do comprador.

O primeiro leilão do Holiday havia sido marcado em novembro do ano passado para o dia 28 de março ainda pelo antigo juiz do caso, Luiz Rocha. No mês passado, contudo, o novo juiz adiou o leilão — até então sem previsão. Mas a decisão acrescentou que a venda poderia ser cancelada caso moradores apresentassem um cronograma de obras a fim de recuperar e voltar para o prédio.

No entanto, quando estava como prefeito em exercício, o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Ricardo Paes Barreto, informou nesta sexta-feira (5), afirmou que o município pediu para agilizar o leilão do prédio.

GT HOLIDAY BUSCAVA RECUPERAÇÃO

Os 476 apartamentos do imóvel foram esvaziados pelo risco de incêndio no prédio devido à precariedade de suas instalações elétricas e falta de recursos para restaurá-las, já que ele enfrentava uma inadimplência mensal de mais de 60%. Como o Holiday é privado, seus moradores, maioria de baixa renda, foram expulsos de casa sem ajuda.

Sensibilizado com a questão, o Grupo de Trabalho Holiday (GT Holiday), formado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) junto à Universidade de Pernambuco (UPE), doou projetos que custariam mais de R$ 500 mil para recuperação do prédio. Os projetos elétrico e estrutural contemplavam todas as alterações necessárias para colocar o prédio dentro das normas atuais de segurança. Contudo, esbarraram em uma falta de financiamento.

Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em Pernambuco (IAB-PE), Augusto Ferrer pontua que a complexidade da situação e espera que, no leilão, o prédio não seja tratado como “mais um modelo de negócio ou mais uma mercadoria”, mas sim que seja levado em consideração o fato de que ele era um dos últimos espaços de moradia para trabalhadores de baixa renda do bairro.

"Se conseguirem uma solução na qual o edifício se mantenha e a gestão conseguir mantê-lo funcionando, será muito bom. Se conseguirmos colocar as pessoas que trabalham em Boa Viagem para morarem lá, seria o melhor dos cenários. Mas quem participa do leilão vai querer retorno. Precisamos um mediador que considere tudo isso", pontuou.

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