Encontro do Palácio

Ex-ministro de Lula, Zé Dirceu é recebido com jantar no Palácio do Campo das Princesas

O ex-ministro da Casa Civil, que está no Recife para lançar seu livro de memórias, nesta terça-feira (10), na sede da Fetape, esteve reunido com o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Julio

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 10/03/2020 às 18:12 | Atualizado em 10/03/2020 às 18:48
Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ex-ministro José Dirceu foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertinência a organização criminosa. - FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-ministro José Dirceu (PT), que está de passagem pelo Recife para lançar seu livro de memórias, foi recebido nesta segunda-feira (9), por lideranças do PSB e PCdoB. Após almoço na vice-governadoria do Estado, oferecido pela presidente do Partido Comunista do Brasil e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, o ex-ministro do governo Lula foi recepcionado pelo governador Paulo Câmara (PSB) e pelo prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB), no Palácio do Campo das Princesas.

Escândalos de corrupção

José Dirceu foi acusado de ser o mentor do Mensalão, escândalo de compras de votos de pautas do Congresso Nacional, que veio a tona em 2005, durante o governo Lula (PT). À época, Dirceu era ministro da Casa Civil do ex-presidente e tido como o braço-direito de Lula. Dirceu foi condenado, em 2012, a 7 anos e 11 meses de prisão, e passou a cumprir pena em novembro de 2013. Mas em outubro de 2016, teve sua condenação perdoada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), graças a um indulto natalino.

Embora tenha sido beneficiado pelo indulto, José Dirceu não deixou a prisão, pois também cumpria pena por outra condenação, agora no âmbito da Operação Lava Jato. Ele é acusado de receber propina de fornecedores da Petrobras e foi condenado pelo ex-juiz federal Sergio Moro - atualmente ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro (sem partido). Por esse crime, sua pena é de 30 anos e 9 meses e 10 dias de prisão.

O ex-ministro da Casa Civil foi solto em novembro, após decisão da juíza federal substituta Ana Carolina Bartolamei Ramos, da 1ª Vara de Execuções Penais de Curitiba. De acordo com a magistrada, como os recursos de Dirceu ainda precisam ser analisados por outras instâncias deixou de existir "qualquer outro fundamento fático para o início do cumprimento de pena", visto que uma antiga decisão de prisão preventiva havia sido suspensa pelo STF em um habeas corpus apresentado pela defesa do petista.

José Dirceu foi detido em maio de 2019 após o Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4), o Tribunal da Lava Jato, impor condenação no processo que envolve o recebimento de propinas de R$ 7 milhões em contrato superfaturado da Petrobras com a empresa Apolo Tubulares, fornecedora de tubos para a estatal, entre os anos de 2009 e 2012.

"Conversa informal"

“Foi um jantar muito simples. Nós tivemos uma conversa informal de quem foi ministro e que tem uma história importante no País. Além disso, existe uma parceria com o PSB, então estivemos no Palácio para fazer uma visita”, explicou ao JC o presidente estadual do PT, o deputado estadual Doriel Barros, que esteve presente no encontro.

Ainda segundo o dirigente petista, o encontro foi articulado pelo próprio PT. “Fomos nós que pedimos para ver a possibilidade de Zé Dirceu ter uma conversa com as lideranças do PSB, da mesma maneira que estivemos com Luciana Santos, do PCdoB, e alguns companheiros”, disse Doriel.

O senador Humberto Costa, que também esteve presente no almoço realizado na vice-governadoria, também afirmou que não houve uma pauta específica. "Nós conversamos sobre o momento que o Brasil está vivendo hoje, como podemos interpretar essa situação. Não teve nenhum debate sobre a sucessão municipal", afirmou Costa. 

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Questionado se as eleições de 2020 fizeram parte do cardápio, o presidente estadual do PT, que defende a manutenção do partido na Frente Popular do Recife, disse apenas que o ex-ministro defendeu a unidade da esquerda. “Ele não opina em relação a isso, apenas faz uma fala de que acha que a esquerda precisa estar unida contra o projeto de desmandos de Bolsonaro. Ele comentou sobre a importância desse alinhamento no campo da esquerda, dos governadores do Nordeste. Os partidos precisam pensar que, neste momento, é necessário termos uma frente ampla e o PT, PSB, PDT e PCdoB são importantes para esta retomada”, destacou Barros.

Xadrez eleitoral no Recife

No Recife, já é dada como certa a candidatura do deputado federal João Campos (PSB) para a sucessão do prefeito Geraldo Julio, no entanto, ainda não é certo se o projeto socialista terá o apoio tanto do PT quanto do PDT, que também almejam entrar na disputa pelo cargo majoritário. Acontece que dentro destes dois partidos há um imbróglio em torno dos nomes colocados.

A deputada federal Marília Arraes, tem o apoio da executiva nacional do PT para disputar a Prefeitura do Recife, o que contraria o posicionamento do diretório municipal. O próprio líder mor do partido, o ex-presidente Lula, declarou que o PT não poderia abrir mão de ter uma candidatura própria na capital pernambucana. “O PT vai ter candidatura própria, a Marília deve ser candidata do PT. Se ela não for para o segundo turno, ela apoia o João Campos ou outro candidato que fizer aliança com o PT. Isso vale para Fortaleza, João Pessoa, Natal, Salvador", declarou Lula, em janeiro, durante entrevista ao portal UOL.

No caso do PDT, o deputado federal Túlio Gadêlha, teria desistido da sua pré-candidatura após ter sido preterido para o cargo de líder da minoria na Câmara dos Deputados, que neste ano deverá ficar com o PDT. Nesta segunda-feira, Gadêlha deu uma coletiva de imprensa onde explicitou algumas condições para manter sua candidatura a prefeito do Recife. Entre elas, que o PDT entregue os cargos que ocupam na gestão municipal do PSB. O deputado federal também ressaltou que caso o partido não cumpra a exigência até o dia 12 de março, referente à criação da comissão provisória do partido na cidade para liderar o projeto, "nós não estaremos na possível disputa".

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