Um dos autores do projeto da Data Magna de Pernambuco considera benéfica brincadeira da ‘Gata Maga’

Nesta semana, um áudio em que uma mulher confundiu 'Gata Maga' com 'Data Magna' viralizou nas redes sociais
Katarina Moraes
Publicado em 06/03/2020 às 9:48
Solenidade da Data Magna de Pernambuco no Palácio do Campos das Princesas Foto: AMÉRICO SANTOS / SEI / DIVULGAÇÃO


Em solenidade nesta sexta-feira (6) no Palácio do Campo das Princesas, um dos autores do projeto que instituiu o dia da Revolução Pernambucana de 1817 como Data Magna e feriado em Pernambuco, o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB), disse considerar benéfica as recentes brincadeiras publicadas nas redes sociais sobre a comemoração. Para ele, que fez o projeto com a ex-deputada estadual Terezinha Nunes (MDB), as piadas dão visibilidade ao real significado da data.

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“À medida em que as pessoas começam a falar [sobre a Data Magna], mesmo que na brincadeira, [elas] procuram querer saber o porquê [do feriado]. Isso é bom, porque a data representa muito a pernambucanidade”, disse o parlamentar, que possui a autoria do projeto junto à deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB).

O parlamentar se refere a um áudio do WhatsApp que viralizou no Estado, na última semana. Nele, uma mulher alertou sobre o feriado desta sexta-feira (6), em Pernambuco. A graça está no fato de que ao invés de dizer Data Magna, em homenagem a Revolução Pernambucana, ela confunde com Gata Maga.

"Diga a ela que sexta-feira é feriado da Gata Maga, não tá no cromo (calendário) ainda não, mas todo ano tem esse feriado da Gata Maga. Vai cair na sexta-feira, viu sua Daiana?", diz o áudio.

"Reafirma valores"

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), esteve na comemoração da Revolução Pernambucana nesta sexta e hasteou a bandeira do Brasil. Para o governante, a Data Magna é oportunidade de reafirmar valores importantes para o Estado e momento de ter orgulho em ser pernambucano.

"Comemorar datas como 6 de março reafirma valores importantes de liberdade, de democracia, de justiça, numa busca em diminuir desigualdades", disse. "Pernambuco teve a coragem, há mais de 200 anos, de fazer com que esses valores valessem a pena", seguiu.

Câmara ainda exaltou a necessidade de diminuir desigualdades em todo o país. "É mais um momento para ter orgulho de ser pernambucano e estar atento com o Brasil, com a necessidade de diminuir desigualdades, sejam sociais, regionais, econômicas", concluiu.

ENTENDA A DATA MAGNA

Desde 2007, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) instituiu o dia 6 de março como a Data Magna do Estado. Anos depois, em 2017, o dia foi transformado em feriado. A data celebra a Revolução de 1817, ou Revolução Pernambucana, que é tida como primeiro movimento pela Independência do Brasil

Pela legislação brasileira, feriados nacionais, estaduais e municipais são estipulados por lei e podem ser civis ou religiosos. Cabe ao Legislativo estadual estabelecer os feriados relativos à data magna do Estado. Data Magna quer dizer que esse dia é a data máxima do calendário local. A palavra "Magna" vem do latim e é usada como sinônimo de 'grande', 'principal'. A Data Magna de Pernambuco foi estabelecida pela Lei Estadual nº 13.386, de 24 de dezembro de 2007, projeto de autoria da então deputada Terezinha Nunes. Já a lei que estabeleceu ser a data um feriado é a de nº 16.057/2017, de autoria da própria Terezinha Nunes e Isaltino Nascimento. 

Heróis

O objetivo da data é homenagear os heróis da Revolução de 1817, gente como Domingos José Martins, maçon e abolicionista em pleno Brasil Colônia; Padre João Ribeiro; José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado; o jurista José Luiz de Mendonça; Cruz Cabugá, Padre Roma, Gervásio Pires, Antônio Carlos de Andrada e Silva, Vigário Tenório, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Luís do Rego Barreto... Figuras cujos feitos podem ter ficado esquecidos ao longo do tempo, mas que dão nome a algumas das principais ruas do Recife, capital pernambucana. Pela forte presença de religiosos, o movimento também ficou conhecido como Revolução dos Padres.

Curioso é que o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano chegou a sugerir cinco opções para se comemorar a Data Magna. Além da que foi acatada, havia ainda 13 de janeiro, quando foi executado Frei Caneca, líder da Confederação do Equadro; 27 de janeiro, data da Restauração Pernambucana, movimento que culminou na expulsão dos holandeses; 5 de outubro, dia da Convenção de Beberibe, que desencadeou o processo de Independência do Brasil; e 10 de novembro, quando foi dado o primeiro grito de república no País, em Olinda.

O movimento escolhido, a Revolução Pernambucana de 1817, é tido por muitos historiadores como o primeiro movimento revolucionário ocorrido no Brasil. Foi gestado em protesto aos altos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa, mas chegou ao ponto de estabelecer um governo provisório, com constituição própria prevendo igualdade para todos num país que tinha sua economia dependente da escravidão de negros trazidos da África. A Coroa conseguiu sufocar o movimento e matar seus principais líderes. 

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