Espero que o presidente não tenha decretado calamidade pública por nada, diz Maia

O presidente da Câmara ainda alfinetou Bolsonaro afirmando que "até hoje a gente não viu do governo qual a política para isolar os idosos"
Douglas Hacknen
Publicado em 25/03/2020 às 20:01
"Há um ambiente no Congresso (para aprovar) os R$ 600", disse o presidente da Câmara dos Deputados Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Em coletiva de imprensa realizada na noite desta quarta-feira (25), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou respostas mais claras do Governo Federal no combate ao novo coronavírus (covid-19). O deputado afirmou que a Câmara está atendendo os pedidos enviados pelo presidente, mas espera que Bolsonaro “não tenha decretado calamidade pública por nada”.

Quando perguntado se o Congresso estaria desconsiderando as recomendações do governo, Maia rebateu e lembrou que “o Governo Federal enviou, semana passada, ao Congresso Nacional uma mensagem pedindo para o Congresso decretar estado de calamidade pública. A Câmara votou no mesmo dia, o senado alguns dias depois aprovou a medida em sessão virtual. "Estamos todos segundo as recomendações do próprio presidente”, disse.

“Eu espero que o presidente não tenha decretado calamidade pública por nada, certamente, quando ele assinou o decreto tinha as mesmas preocupações que todos nós ainda temos”, alfinetou.

Isolamento vertical

O parlamentar questionou como o presidente poderia falar em isolamento vertical - quando o isolamento atende apenas a uma faixa etária pré-determinada - se não foi apresentada nenhuma forma concreta de combater o espalhamento do vírus. “Como alguém pode falar em isolamento vertical se até hoje não apresentou uma proposta de isolamento para os idosos brasileiros mais pobres? Fico pensando como o governo pode falar de um assunto, sabendo que nós temos milhares de idosos nas comunidades.”

“Até hoje a gente não viu do governo qual a política para isolar os idosos. Já que você quer uma política (de isolamento) vertical. Você não pode, em uma comunidade que têm crianças, jovens, adultos e idoso tirar uma parte para trabalhar e (mais tarde) voltar para o mesmo ambiente de 30, 40 metros quadrados, porque você vai contaminar esses idosos”, esclareceu o deputado.

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