A Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) questiona se o governo federal vai assumir toda a responsabilidade de atendimento à população, caso não sejam cumpridas as medidas de isolamento social. A informação consta do ofício nº 213 encaminhada ao presidente da República nesta segunda-feira (30/03). No documento, os prefeitos citam a visita que Bolsonaro fez, neste domingo (29/03), a localidades como Taguatinga e Ceilândia, no Distrito Federal. Lá, Bolsonaro disse a trabalhadores informais que estava analisando a possibilidade de editar um decreto federal autorizando "o retorno às atividades de trabalho formais e informais". O isolamento social é uma das maneiras de conter a contaminação pelo coronavírus.
O documento critica Bolsonaro dizendo que ele contrariou as medidas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde ao não obedecer ao isolamento. O ofício também cita que a Justiça Federal proibiu a campanha Brasil Não Pode Parar, no sábado 28.
No ofício, os prefeitos chegam a perguntar se a intenção do governo federal é federalizar o SUS. Os recursos do SUS são distribuídos para os Estados e municípios que fazem o atendimento à população.
A intenção dos prefeitos é chamar a atenção para o fato de que Bolsonaro está contra o isolamento social, mas quando aumentarem o número de pessoas procurando hospitais vão responder por isso as prefeituras e os governos estaduais. O isolamento social é pra tentar controlar a quantidade de pessoas infectadas pela doença causando uma demanda mais possível de ser atendida pela rede existente de hospitais, principalmente a do SUS.
No segundo ofício, o de nº214, a FNP cobra uma resposta do governo federal aos prefeitos no sentido de otimizar ações no tratamento da covid-19.
O prefeito do Recife, Gerlado Júlio (PSB), também afirmou que as medidas econômicas prometidas pelo governo Bolsonaro no enfrentamento da covid-19 são insuficientes.