Angela Fernanda Belfort
Publicado em 01/04/2020 às 18:22
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma live nas suas redes sociais, na tarde desta quarta-feira (1º), criticando a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vive atualmente um quadro de isolamento político, enquanto o País passa por uma crise provocada pela pandemia do coronavírus. "Estou convencido que Bolsonaro não tem estrutura psicológica de continuar governando o Brasil. Ele está preocupado em manter os fanáticos e não em dar resposta concreta", afirmou o petista.
Lula não defendeu abertamente um processo de impeachment, argumentando que não seria "irresponsável como eles foram com a Dilma, sem ter crime de responsabilidade. Mas, se tiver, temos que pressionar a Câmara".
E continuou: "Da renúncia para o impeachment, é um pouco. Da renúncia para o 'fora, Bolsonaro', é um pouco. Na hora que tiver manifestação de rua, o 'fora, Bolsonaro' ganha força". O petista disse estar "convencido de que Bolsonaro, "ou ele muda, ou ele não tem condição de continuar". O ex-presidente citou que há uma discussão sobre “o próximo passo”, mas defendeu que para isso é necessário “força política” e que agora a prioridade deve ser o combate ao coronavírus e “não travar disputa política ou buscar alterar a correlação de forças do Congresso para viabilizar a saída de Bolsonaro”.
Com relação ao coronavírus, a crítica a Bolsonaro foi centrada no fato de que o "presidente utiliza não sei quanto tempo na TV e não tem uma orientação para as pessoas". Segundo Lula, os prefeitos e governadores, até agora, trabalharam bem enfrentando a pandemia. Ele argumentou que Bolsonaro deveria desenvolver um trabalho de coordenação à frente dos entes federativos.
A live foi acompanhada por cerca de 7 mil pessoas. Muitos internautas criticaram o petista. Um questionamento feito por muitos internautas foi o de que o ex-presidente deu prioridade à construção de estádios ao invés de destinar recursos aos hospitais. Como as pessoas lembram, a Copa do mundo foi realizada no Brasil em 2014 na administração do PT. Depois, as reformas e construções de vários estádios foram alvo de operações da Polícia Federal por suspeita de superfaturamento e corrupção.
O ex-presidente disse, ainda, que a Câmara dos Deputados deveria criar uma comissão para fiscalizar os recursos destinados ao combate do coronavírus. "Parem de falar e liberem o dinheiro", comentou, se referindo ao coronavoucher, uma ajuda de R$ 600 que será destinada aos trabalhadores informais. "Tentar defender os mais pobres, o camelô, o cara do Uber, do pequeno comércio... Além de estar defendendo esses caras da língua pra fora. As medidas concretas beneficiaram os banqueiros, porque ele liberou R$ 200 bilhões para os banqueiros", pontuou, fazendo mais uma crítica a Bolsonaro.
Ainda durante a entrevista, Lula chamou o ministro da Justiça, Sergio Moro, de falso, mentiroso e "não tem competência para estar no cargo". E justificou que "ele está lá porque facilitou para Bolsonaro", se referindo ao fato de que não pode concorrer na última eleição como candidato porque estava preso e condenado. Ele foi condenado no julgamento de processos da Operação Lava Jato, coordenada por Moro.