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Em reunião com governador Paulo Câmara, prefeitos pedem apoio financeiro para investir na saúde

Alguns prefeitos também pediram para o governador avaliar a necessidade das medidas rígidas de isolamento social também serem aplicadas em outras cidades, como Paulista, Abreu e Lima e Igarassu

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 12/05/2020 às 21:41 | Atualizado em 12/05/2020 às 22:03
Heudes Regis/SEI
O governador Paulo Câmara (PSB) reuniu-se por videoconferência com prefeitos pernambucanos um dia após anúncio de quarentena em cinco municípios do estado - FOTO: Heudes Regis/SEI

Após anúncio de medidas restritivas de isolamento social mais rígidas em cinco cidades do Estado, o governador Paulo Câmara (PSB) esteve reunido por videoconferência, nesta terça-feira (12), com mais de 150 prefeitos municípios da Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão. No encontro, organizado pela Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE), o chefe do Executivo Estadual detalhou as ações que têm sido implementadas para o enfrentamento do novo coronavírus (covid-19). Por outro lado, os prefeitos aproveitaram a ocasião para expor suas demandas em relação ao apoio financeiro nas áreas de saúde e segurança.

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De acordo com o presidente da Amupe, o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), os municípios serão duramente penalizados com a queda de suas arrecadações e precisam de suporte para continuarem investidos na saúde diante da pandemia. “Estamos na expectativa da sanção do projeto aprovado no Congresso (PL 39/2020), que compensará parte destas perdas. Os municípios devem receber cerca de R$ 800 milhões, mas isso não vai cobrir tudo”, declarou o gestor.

Presente no encontro virtual, o secretário da Fazenda Décio Padilha disse aos gestores que em 2020, as perdas do Estado relacionadas apenas ao ICMS, devem atingir um total de R$ 3,75 bilhões - o auxílio emergencial recompõe cerca de R$ 2 bilhões.

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Também houve diversos questionamentos sobre a ampliação das medidas mais rígidas, com a restrição da circulação de pessoas e a implementação de rodízio de veículos, nas cidades de Jaboatão, Recife, Olinda, São Lourenço e Camaragibe. Segundo José Patriota, muitos prefeitos queriam saber se essas restrições também seriam aplicadas em outros municípios da RMR e no interior do Estado.

Para o prefeito do município de Igarassu, Mario Ricardo (PTB), as restrições também precisam se estender para as cidades que contemplam o Litoral Norte, a exemplo de Paulista, que tem 890 casos confirmados da covid-19 e totaliza 57 óbitos. “Você tem um corredor praticamente ligando Igarassu a Jaboatão dos Guararapes. A proximidade desses municípios requer uma ação conjunta e fizemos esse pedido ao governador para que os técnicos avaliem se não caberia incluir Paulista, Abreu e Lima e Igarassu nestas medidas”, declarou.

O prefeito afirmou que o governador Paulo Câmara limitou-se a dizer que a escolha das cidades se baseou em critérios e estudos técnicos da Secretaria de Saúde do Estado. “Ele também disse que essa fase será avaliada, para ver se há necessidade de ampliação. Nós vamos continuar seguindo os decretos estaduais, para que não crie um sentimento diferente da população sobre o que seguir, já basta as divergências entre o governo federal e os estaduais”, declarou Mario Ricardo.

Nas suas redes sociais, o governador  Paulo Câmara afirmou que “ as medidas mais rigorosas de isolamento social podem ser estendidas para outras cidades”. “As nossas ações são avaliadas diariamente e não mediremos esforços para salvar vidas e vencer essa pandemia em nosso estado”, declarou o gestor.

 

A prefeita de São Bento do Una, Débora Almeida (PSB), chamou atenção ao reforço da Polícia Militar para que tanto os decretos estaduais quanto os municipais sejam cumpridos pela população. “Além do apelo financeiro com a liberação das emendas para saúde, nós queremos apoio na fiscalização também. Existe um consenso entre os prefeitos que quando se toma uma decisão de intensificar as medidas, é porque realmente se faz necessário. Se essa quarentena não está abrangendo grande parte das cidades, precisamos da fiscalização da PM nas ruas, só a guarda municipal, os agentes sanitários, não são suficientes”, alerta a prefeita.

Leitos e EPIs

O prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), considerou positiva a reunião com o governador Paulo Câmara, mas pontuou a demora do Executivo estadual em atender algumas ações que já haviam sido apresentadas no mês de março, início dos decretos estaduais para conter os avanços do coronavírus. “Foi pactuado a questão dos leitos da UPAE, seriam 100 leitos, sendo 70 de enfermaria e 30 de UTIs, mas até agora apenas 10 leitos de enfermaria estão prontos”, destacou Coelho.

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“Outra dificuldade foi em relação ao custeio de leitos para a regional de saúde, que abrange sete cidades da região. Nós estamos tentando ajudar, já demos a demonstração disso, mas não dá para Petrolina arcar com a conta das outras cidades, seria necessário haver alguma contrapartida”, completou.

O município registrou 86 casos confirmados de covid-19 e tem dois óbitos em virtude da doença. Na ocasião, o prefeito Miguel Coelho também pediu insumos a secretaria de Saúde para ampliar a capacidade de testagem do município por meio do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) - até o momento foram realizados 843 testes rápidos pela prefeitura.

“O Lacen está sobrecarregado. Em Petrolina, nós conseguimos todos os equipamentos para fazer a testagem, mas precisamos dos insumos. No processo de compra, o prazo é de 30 e 40 dias. Nossa sugestão é que o governo possa ceder um número de kits para o municípios, pois temos capacidade de realizar 200 testes por dia. Poderíamos dividir a demanda em duas regiões”, explicou.

Ao ouvir as demandas de todos os prefeitos, o governador Paulo Câmara destacou o reforço do atendimento médico com os hospitais de campanha que estão sendo instalados pela Secretaria Estadual de Saúde. Em Caruaru, no terreno localizado ao lado do Hospital Mestre Vitalino, serão instalados 104 leitos, sendo 76 de enfermaria, 26 semi-intensivos e dois de estabilização.

A unidade de Serra Talhada, na área do Hospital Governador Eduardo Campos, terá 95 leitos (72 de enfermaria, 22 semi-intensivos e um leito para estabilização). O Hospital de Campanha Petrolina, no terreno do Hospital Universitário da Univasf, terá capacidade para 102 leitos (74 de enfermaria, 26 de tratamento semi-intensivo e duas vagas para estabilização). Sobre os Equipamentos  de Proteção Individual (EPIs), já foram comprados pela administração estadual mais de 15 milhões de EPIs, destinados a abastecer o sistema público de saúde. 

“Nós estamos passando pelos momentos mais difíceis de nossas vidas. O isolamento social é responsabilidade de todos. Precisamos nos unir nesse esforço, Estados e prefeituras, com o objetivo de avançar para reduzir a capacidade de disseminação do vírus”, afirmou o governador. Paulo Câmara lembrou ainda aos prefeitos que, a essas unidades, somam-se outras estruturas no interior, com 139 enfermarias e 78 UTIs já em funcionamento em Caruaru, Garanhuns, Araripina, Salgueiro, Serra Talhada, Arcoverde, Afogados da Ingazeira, Limoeiro, Palmares e Petrolina. Sobre os Equipamentos de proteção Individual (EPIs), foram comprados mais de 15 milhões de EPIs, destinados a abastecer o sistema público de saúde.

O secretário estadual de Saúde, André Longo, também participou da reunião e pediu para que os prefeitos pernambucanos mantenham as medidas preventivas ao coronavírus. “Há 4 meses atrás, nós não pensávamos que a situação iria chegar a esse ponto. Hoje estamos aumentando a capacidade de testagem do Estado, e em menos de 60 dias movimentamos mais de 500 leitos de UTI. Podemos abrir ainda mais 200 leitos, caso consigamos os equipamentos necessários. Neste momento, precisamos de unidade e pedimos aos prefeitos que não se descuidem quanto às medidas de prevenção ao coronavírus”, afirmou o secretário.

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