O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ordenou que o chefe interino do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, assine o novo protocolo da pasta que permite a liberação do uso da cloroquina para todos os pacientes infectados pelo novo coronavírus. Essa medida de Bolsonaro foi um dos motivos que levou o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, pedir demissão da pasta, nesta sexta-feira (15). Até o momento, a orientação aos profissionais do sistema público de saúde é que a prescrição da substância só pode ser feita em casos graves da covid-19.
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Diferentemente de quando aconteceu a demissão de Luiz Henrique Mandetta da Saúde, ainda não há um nome para assumir a liderança da pasta, já que Teich não foi demitido, mas pediu demissão.
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Desde o quando assumiu o cargo, no dia 17 de abril, Teich não havia conseguido montar a sua própria equipe e vinha sendo tutelado pela ala militar do governo. De acordo com técnicos do Ministério da Saúde, os critérios podem ser apresentados já na semana que vem, mesmo sem o presidente ter escolhido um nome para substituir Nelson.
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Estudo sobre o uso da cloroquina
Ante ao impasse sobre o uso da cloroquina, o então ministro chegou a propor a Bolsonaro um mega estudo, de autoria da própria pasta, para organizar as diretrizes sobre a recomendação da substância no combate à covid-19. A demanda foi apresentada por Teich na última quinta-feira (14).
O protocolo que é avalizado por Pazuello deve ser baseado na resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que, em abril, liberou a aplicação da cloroquina em pacientes com sintomas leves da covid, mas destacou que a decisão foi tomada "sem seguir a ciência", com a intenção de encerrar a polarização em torno do medicamento.
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A partir do momento em que a decisão for tomada, os médicos estarão autorizados a prescrever a cloroquina. Contudo, não haverá um protocolo de distribuição da substância para que os pacientes possam ter acesso ao medicamento no sistema público. As normas também poderão especificar dosagens a serem administradas.
Até então, o Ministério da Saúde recomenda que a cloroquina deve ser usada em ambiente hospitalar e em estado considerado moderado ou grave. A hidroxicloroquina pode causar efeitos colaterais grave, como, a título de exemplo, parada cardíaca.
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O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
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