Encontro com Bolsonaro

''Nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos'', diz Damares em reunião ministerial

A ministra afirmou que os gestores estaduais e municipais são os responsáveis pela "maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos" por decretarem medidas restritivas para o combate à covid-19

Renata Monteiro
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Publicado em 22/05/2020 às 19:11 | Atualizado em 22/05/2020 às 19:11
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A ministra Damares Alves - FOTO: Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Na reunião ministerial do dia 22 de abril, que o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou pública nesta sexta-feira (22), a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou ter a intenção de pedir "a prisão de governadores e prefeitos" por determinações dos gestores estaduais e municipais durante a pandemia do coronavírus. De acordo com a auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), os administradores são os responsáveis pela "maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos" por decretarem medidas restritivas para o combate à covid-19.

"Nunca ouve tanta violação de direitos no Brasil como neste período. Direitos fundamentais foram violados. No nosso 'disque cem' tem mais de cinco mil registros, ministros, de violação de direitos humanos. Mas o senhor tem uma ministra de Direitos Humanos e uma equipe muito corajosa. São mais de cinco mil procedimentos e ações que estão sendo construídas. Governadores e prefeitos responderão processos", afirmou Damares, na ocasião.

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Em seguida, a ministra disse que idosos e mulheres estariam sendo "algemados e jogados dentro de camburões" por desobedecerem medidas restritivas e "padres sendo multados em noventa mil reais porque estavam dentro da igreja com dois fiéis".

No vídeo, porém, Damares diz que está tomando providências para evitar que essas situações se repitam e que pedirá, inclusive, a prisão dos gestores. "A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos. E nós tamo subindo o tom e discursos tão chegando. Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos. Nunca vimos o que está acontecendo hoje", cravou.

FEMINISTAS

Em outro trecho da gravação, a ministra Damares critica o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre supostas discussões na corte a respeito da possibilidade de liberação do aborto para pacientes com a covid-19.

"Neste momento de pandemia a gente tá vendo aí a palhaçada do STF trazer o aborto de novo para a pauta, e lá tava a questão de ... as mulheres que são vítima do zika vírus vão abortar, e agora vem do coronavírus? Será que vão querer liberar que todos que tiveram coronavírus poderão abortar no Brasil? Vão liberar geral?", questionou a ministra.

Logo em seguida a ministra dirige-se ao ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, e afirma que na pasta então comandada por ele "tá lotada de feminista que tem uma pauta única que é a liberação de aborto".

DIVULGAÇÃO

A divulgação do vídeo da reunião ministerial foi autorizada nesta sexta-feira (22), pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). A existência da gravação veio à tona na época do desembarque do governo do ex-ministro da Justiça e Direitos Humanos, Sergio Moro, que acusou o presidente Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal (PF) para beneficiar a sua família. Celso de Mello é o relator do processo que investiga o caso no STF.

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