Ministro da Defesa diz que 'agressão a profissionais de imprensa é inaceitável'

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agrediram com chutes, murros e empurrões a equipe de profissionais do Estadão que cobria uma manifestação pró-governo
Bruna Oliveira
Publicado em 04/05/2020 às 16:44
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva Foto: Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil


Com Estadão Conteúdo

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, divulgou uma nota, nessa segunda-feira (4), em que faz críticas às agressões sofridas por jornalistas durante ato pro-governo que foi realizado nesse domingo (3), em Brasília.

No texto, Azevedo disse que "qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável" e que "a liberdade de expressão é requisito fundamental de um País democrático". Durante manifestação em Brasília, que foi prestigiada pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o repórter fotográfico do Estado de S.Paulo Dida Sampaio e o motorista Marcos Pereira foram agredidos fisicamente por manifestantes.

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Na nota, o ministro da Defesa também usou parte das palavras utilizada por Bolsonaro no domingo e disse que "as Forças Armadas cumprem a sua missão Constitucional. Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País", escreveu.

Durante o ato Bolsonaro falou: "Vocês sabem que o povo está conosco. As Forças Armadas, ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade, também estão ao nosso lado. Peço a Deus que não tenhamos problema esta semana, porque chegamos no limite. Não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos. Faremos cumprir a Constituição. Será cumprida a qualquer preço."

Azevedo também citou sobre o País avançar mesmo diante da pandemia do novo coronavírus. "O Brasil precisa avançar. Enfrentamos uma pandemia de consequências sanitárias e sociais ainda imprevisíveis, que requer esforço e entendimento de todos. As Forças Armadas estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade. Este é o nosso compromisso", disse.

Agressões

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro agrediram com chutes, murros e empurrões a equipe de profissionais do jornal O Estado de S.Paulo que acompanhavam uma manifestação pró-governo. O fotógrafo Dida Sampaio registrava imagens do presidente em frente a rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita à imprensa quando foi agredido.

Sampaio usava uma pequena escada para fazer o registro das imagens quando foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. O motorista do jornal, Marcos Pereira, que apoiava a equipe de reportagem também foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os manifestantes gritavam palavra de ordem como "fora Estadão".

Os dois profissionais precisaram deixar o local rapidamente para uma área segura e procuraram o apoio da Polícia Militar. Eles deixaram o local escoltados pela PM. Os profissionais passam bem. Os repórteres Júlia Lindner e André Borges, que também acompanham a manifestação para o Estadão, foram insultados, mas sem agressões físicas.

Pronunciamento de Bolsonaro sobre as agressões

O presidente Jair Bolsonaro se pronunciou sobre o assunto nesta segunda-feira (4) por meio das redes sociais. Na publicação ele atribuiu as agressões sofridas pelos profissionais a "possíveis infiltrados".

Bolsonaro esteve presente na manifestação, mas disse que não viu a violência ao fotógrafo Dida Sampaio e outros membros da equipe de reportagem. Na mesma publicação, o presidente criticou o destaque dado pela emissora Rede Globo ao ocorrido.

"Até agora não vi, em dias anteriores a TV Globo sair em defesa de uma senhora e filha que foram colocadas à força dentro de um camburão por estarem nadando em Copacabana, outra ser algemada por estar numa praça em Araraquara/SP ou um trabalhador também ser algemado e conduzido brutalmente para uma DP no Piauí", afirmou.

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O presidente disse condenar a violência e alegou que não viu a agressão pois estava na área cercada do Palácio do Planalto.

"Também condenamos a violência. Contudo, não vi tal ato, pois estava nos limites do Palácio do Planalto e apenas assisti a alegria de um povo que, espontaneamente, defendia um governo eleito, a democracia e a liberdade", declarou o presidente da República.

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