Weintraub compara operação do STF contra fake news a ações do regime nazista

O ministro da Educação comentou sobre os mandados de busca e apreensão da casa de bolsonaristas nesta quarta-feira (27)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27/05/2020 às 18:11
A decisão de pedir demissão foi tomada após o ministro sofrer ataques dentro e fora do governo Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL


Determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a operação da Polícia Federal que mira aliados do presidente Jair Bolsonaro por suspeita de participação em um esquema para divulgação de fake news causou reação na ala ideológica do governo.

Nas redes sociais, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparou o ato a ações do regime nazista, responsável pela morte de milhões de pessoas. Recentemente, Weintraub foi flagrado pedindo a prisão de ministros do STF durante reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo conteúdo foi tornado pública por decisão judicial na semana passada.

Sobre os mandados de busca e apreensão na casa de bolsonaristas nesta quarta-feira, 27, Weintraub disse que o dia de hoje será lembrado como a "Noite dos Cristais Brasileira", que marcou um período de agressões contra os judeus em 1938. "Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!", escreveu Weintraub em uma rede social. A expressão Sieg Heil é uma saudação nazista que significa "salve a vitória" ou "viva a vitória", usada frequentemente com a saudação de Adolf Hitler.

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, chegou a compartilhar a publicação de um blogueiro que foi alvo da operação da PF, dono do perfil Lets Dex. Na mensagem compartilhada, o blogueiro bolsonarista pede uma reação do presidente Jair Bolsonaro à operação.

"Sempre farei tudo o que estiver ao meu alcance, dentro e fora do governo, para combater qualquer tentativa de criminalizar opiniões, sejam elas quais forem. Defenderei a liberdade sempre, mesmo que isso custe a minha própria liberdade", escreveu Martins em outra publicação, no Twitter.

Segundo o assessor especial do presidente, a sua posição "limita" o que pode dizer sobre o assunto, mas ele classificou a operação como "inaceitável" e "um verdadeiro atentado contra as liberdades mais fundamentais que deve ser combatido através de todos os meios lícitos".

O secretário especial da comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, também criticou a operação e voltou seus ataques para veículos da mídia tradicional. "Alguns jornalistas e apoiadores tiveram seus equipamentos de trabalho apreendidos por decisão judicial e não poderão mais veicular, com liberdade de expressão, suas opiniões. Enquanto isso, alguns veículos continuam produzindo fake news diariamente sem serem perturbados", declarou Wajngarten.

Entre os alvos da operação desta quarta estão Luciano Hang, dono da Havan, e Edgar Gomes Corona, da rede de academias Smart Fit, o blogueiro Allan dos Santos, do blog Terça Livre e a bolsonarista Sara Winter. Para Moraes, eles são suspeitos de fazerem parte de um esquema para disseminar notícias falsas e ofensas contra autoridades e instituições, entre elas o próprio STF. Deputados foram citados e deverão prestar depoimentos.

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