A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou no Supremo Tribunal Federal (STF) o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos principais líderes do partido e do Centrão no Congresso Nacional, por corrupção passiva, em uma investigação da Operação Lava Jato que apurou pagamento de propina a partir de contratos firmados entre a Petrobras e a construtora Queiroz Galvão. O deputado do PP já responde em duas ações penais no Supremo na Lava Jato.
Lira lidera a articulação do Centrão junto ao presidente da República, Jair Bolsonaro, por apoio em troca de cargos e é pré-candidato às eleições para substituir o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no início do próximo ano.
A aproximação de Bolsonaro com os partidos do Centrão é motivo de críticas entre apoiadores.
Segundo a denúncia da PGR, protocolada na sexta-feira (5), como líder do PP a partir de 2012, Arthur Lira atuou como arrecadador de propina para o partido. O crime apontado na denúncia foi o pagamento de R$ 1.588.700,00 a Arthur Lira, valores retirados de um "caixa de propina" que a Queiroz Galvão mantinha em favor do Partido Progressista.
O valor, segundo a acusação, foi oferecido e pago por Idelfonso Colares Filho, ex-diretor presidente da Queiroz Galvão, falecido no final de 2017, e Francisco Ranulfo Rodrigues, superintendente de obras da empreiteira em Goiás.
Em troca, segundo a PGR, Lira atuava para assegurar os interesses da empresa na diretoria de abastecimento da Petrobras, no Ministério das Cidades e, mais tarde, a partir de 2014, atuaria também no Ministério da Integração Nacional.
Também foram denunciados Francisco Ranulfo Rodrigues, superintendente de obras da Queiroz Galvão em Goiás, Henry Hoyer, operador do PP, Leonardo Meirelles, além do doleiro Alberto Youssef - um dos principais delatores das fases iniciais da Operação Lava Jato.
A investigação da PGR também tinha como alvos o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que era líder do PP antes de Arthur Lira e havia assumido o Ministério das Cidades em 2012, e os colegas de bancada Ciro Nogueira (PP-PI) e Eduardo da Fonte (PP-PE).
Aguinaldo Ribeiro foi apontado como líder de uma organização criminosa formada por integrantes do partido. A PGR, contudo, disse não ter encontrado provas suficientes para buscar a condenação dos três deputados.
A existência de uma organização criminosa no Partido Progressista é o tema de uma outra ação penal em tramitação no Supremo Tribunal Federal, que tem Arthur Lira entre os réus. Deputados do partido são acusados de praticar crimes de corrupção em torno de contratos da Petrobras sobretudo na Diretoria de Abastecimento.
Arthur Lira também é réu em um outro processo, por corrupção passiva, em um caso no qual, em 2012, o então assessor parlamentar Jaymerson José Gomes de Amorim, servidor público da Câmara dos Deputados, foi apreendido com R$ 106 mil em espécie quando tentava embarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com destino a Brasília, utilizando passagens custeadas pelo deputado federal. Ao ser preso, Amorim afirmou que a quantia pertencia ao parlamentar.
A defesa do deputado Arthur Lira afirmou, em nota, que a denúncia não se sustenta. Segundo o advogado Pierpaolo Bottini, o suposto operador dos pagamentos, conhecido como Ceará, desmentiu a versão da acusação.
O advogado também argumentou que a delação de Alberto Youssef já teve "inverdades" reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal em depoimento contra Arthur Lira.
De acordo com Bottini, Lira afastou Youssef da relação com o partido e, por isso, o delator deseja vingança.
"Fundamentar uma denúncia nas palavras desse doleiro (Youssef) é premiar um ato de vingança contra alguém que se postou contra suas práticas", disse o advogado.
Até o fechamento deste texto, a reportagem não havia obtido o posicionamento dos demais citados.