O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, defendeu a proposta de criação do programa "Renda Brasil", que pretende unificar o Bolsa Família a outros programas do governo, alegando que o Bolsa perdeu o foco. "O Bolsa Família teve desfocalização e durante um tempo foi importante, e continua sendo, mas os especialistas na assistência social dizem que precisa de recalibragem. Na Casa Civil, começamos a trabalhar análises para melhorar e dar nova condição ao programa. Depois de atenuar a pandemia, esse presente de grego que a China deu ao mundo, vamos discutir um programa que tem como objetivo dar segurança às pessoas. Hoje, a pessoa tem medo de ter a carteira assinada, queremos estimular que progridam, queremos ampliar o valor do ticket, mas queremos que eles prosperem", afirmou o ministro em entrevista à Rádio Jornal, nesta sexta-feira (19).
Onyx afirmou que, no momento, os estudos desaceleraram por conta do recurso que já está sendo empregado no pagamento do auxílio emergencial. Desde abril, quando teve início o pagamento do auxílio, cerca de 63,5 milhões de pessoas já receberam o crédito do governo. Foram creditados até o momento R$ 81,3 bilhões. O governo já anunciou o prolongamento do benefício, mas ainda há discussão sobre o valor, que poderá ser inferior aos atuais R$ 600.
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"Ainda temos, pela extensão do estado brasileiro, regiões onde a pandemia ainda tem evolução. O auxilio foi criado avaliando a experiência do Século XX de pandemias, que tiveram duração média entre 12 e 14 semanas. Os estudos estão em andamento e devemos no início da semana ver estudar as possibilidades da próxima parcela", explicou o ministro.
A ideia de criar um programa de renda mínima foi do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele ainda pretende criar um programa para geração de empregos formais, com a retomada do projeto Carteira Verde e Amarela. "Aprendemos durante toda essa crise que havia 38 milhões de brasileiros invisíveis e que também merecem ser incluídos no mercado de trabalho", disse Guedes no último dia 9, em reunião ministerial.
Durante a entrevista, Onyx ainda lamentou que servidores públicos estaduais e municipais tenham recebido de forma indevida o auxílio emergencial. A Controladoria-Geral da União (CGU) disponibiliza, inclusive, um espaço em seu site para que seja feita a devolução do dinheiro para que a pessoa não venha a ter problemas maiores no futuro, explicou o ministro.
"Lamentavelmente, o auxilio emergencial como todas as situações de alcance de recursos pode ser vítima de fraudes. Temos inquéritos abertos e duas quadrilhas presas. Agora se no aplicativo um servidor não marcou que era servidor para receber, isso é falsidade ideológica e nós vamos atrás desse dinheiro. Se a pessoa quer devolver ou se conhece alguém que indevidamente recebeu nos ajuda, a denúncia é anônima. Já tivemos R$ 70 milhões devolvidos. Do ponto de vista ético, é uma barbaridade uma pessoa que tem condições financeiras competir [pelo auxílio] com quem tem necessidade", afirmou.