Com nova defesa, Flávio Bolsonaro muda estratégia e quer depor

Com a saída de Frederick Wassef do caso, após o ex-assessor Fabrício Queiroz ter sido preso em sua casa em Atibaia, no interior de São Paulo, Luciana Pires e Rodrigo Roca assumiram a defesa do senador na investigação sobre os supostos desvios de salários de funcionários da Alerj
JC
Publicado em 24/06/2020 às 8:03
Investigação mira o filho do presidente por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro Foto: ABR


Os novos advogados de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entraram nesta terça, 23, com um pedido para que o senador seja ouvido sobre o suposto esquema de "rachadinhas" - apropriação de parte ou a totalidade do salário dos servidores - em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Luciana Pires e Rodrigo Roca informaram que protocolaram o pedido no Ministério Público do Rio de Janeiro para que Flávio possa "prestar esclarecimentos".

Com a saída de Frederick Wassef do caso, após o ex-assessor Fabrício Queiroz ter sido preso em sua casa em Atibaia, no interior de São Paulo, a dupla assumiu a defesa do senador na investigação sobre os supostos desvios de salários de funcionários da Alerj.

A iniciativa indica uma mudança na estratégia adotada pela defesa até aqui. Antes disso, em dezembro de 2018, o Ministério Público já havia convocado Flávio a depor, mas o senador não se apresentou diante dos promotores e passou a entrar com uma série de recursos questionando a investigação e pedindo o arquivamento do caso.

O primeiro foi apresentado ao Supremo Tribunal Federal e defendia o direito ao foro junto ao STF, uma vez que Flávio havia sido eleito ao Senado. O recurso acabou negado pelo ministro Marco Aurélio Mello.

Depois disso, a defesa de Flávio passou a apontar irregularidades, segundo os advogados, nos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificaram movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz e arrastaram o então deputado para o centro da investigação criminal. O recurso também acabou negado pelo STF no final do ano passado.

Amanhã, a Justiça do Rio vai julgar um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do senador em março. Caso a maioria dos cinco desembargadores da 3ª Câmara Criminal concorde com os argumentos dos advogados, todas as medidas cautelares adotadas no caso das "rachadinhas", incluindo as quebras de sigilo e a prisão de Fabrício Queiroz, podem ser anuladas.

Dobradinha

Na sexta-feira passada, 19, um dia após a prisão de Queiroz, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro intimou o senador a prestar depoimento em uma segunda investigação relacionada ao caso. A intenção é que Flávio seja ouvido sobre supostos vazamentos da PF na Operação Furna da Onça.

A investigação faz parte do procedimento aberto para apurar declarações feitas pelo ex-aliado do governo, o empresário e pré-candidato à prefeitura do Rio, Paulo Marinho (PSDB), de que o filho mais velho do presidente foi previamente avisado da operação que trouxe à tona as movimentações atípicas nas contas de Queiroz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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